Última alteração: 2015-02-13
Resumo
A obra fonográfica de Chico Buarque configura-se como espaço de discursos múltiplos e interlocutores diversos, incluindo mulheres que retratam por meio das canções seus afetos, amores e vivencias. As interlocutoras que são vivificadas e potencializadas através da música de Chico Buarque tornam-se mulheres revestidas de pleno poder de fala. Revelando peculiaridades compartilhadas em cenários distintos. A pesquisa em questão adota o método de análise imagético discursivo com o objetivo de compreender as representações do feminino na música “Folhetim” (1977-1978) e “Com açúcar, com afeto” (1967) além das negociações estabelecidas entre o público e o privado que emergem do discurso musical em tais canções. Compreendemos que os discursos das duas canções apresentam-se de forma verossimilhante em cenários distintos, em “Folhetim” - a mulher prostituída evidencia suas negociações entre o público e o privado colocando seus afetos sob a forma de mercadoria alocados no campo econômico informal já em “Com açúcar, com afeto” - o machismo explicito e exacerbado coloca a figura feminina como sendo do espaço privado, restringindo suas vivencias ao ambiente do lar e fragilizando a imagem feminina alocando-a em ambiente de tutela. Enquanto o masculino é da esfera pública - dominante. O estudo ainda identifica a idealização da mulher propagada pelo regime de exceção presente em “Com açúcar, com afeto” em contraponto com a liberdade em falar de sexo e em lidar com o seu corpo através do discurso das prostitutas em “Folhetim”.