Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, 18 REDOR

Tamanho da fonte: 
Masculinidades e o descumprimento da “lei do acompanhante"
Gabriel Ferreira de Brito, Eloah Maria Martins Vieira, Mariana Azevedo

Última alteração: 2015-02-13

Resumo


Este trabalho objetiva analisar os motivos que levam ao descumprimento da lei 11.108/2005 (lei do acompanhante) nas maternidades públicas e conveniadas ao SUS na Região Metropolitana do Recife nos casos em que homens foram escolhidos pelas parturientes como acompanhantes. Por meio de entrevistas presenciais e coleta de relatos pela internet, profissionais de saúde das maternidades da RMR e usuários/as de serviços de saúde, respectivamente, forneceram dados para que tal pesquisa, realizada pelo Instituto PAPAI e pelo Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades (GEMA/UFPE), pudesse se desenvolver. Nas entrevistas e relatos, vários motivos foram alegados para explicar o descumprimento da lei do acompanhante. O que nos chamou mais atenção foi o argumento segundo o qual, os homens (quando eram eles os acompanhantes), não gostariam de ver suas companheiras despidas na presença de outros homens. Logo, aceitariam não acompanhar suas parceiras para não possibilitar que outros homens fossem acompanhantes e consequentemente vissem a sua companheira e demais mulheres desnudas. Acreditamos que nestas situações, a autoridade masculina sob os corpos femininos pode parecer estar ameaçada, mas é reforçada por tais argumentos. Neste sentido, argüisse aqui, que não basta uma política pública para resolver o problema do descumprimento desta lei quando homens são impedidos de ser acompanhantes, tampouco seriam reformas estruturais, como a construção de leitos individuais, que resolveriam este problema; mas sim, uma ressignificação simbólica das esferas culturais referentes às masculinidades, às relações de gênero e ao cuidado.

Palavras-chave


masculinidades; lei do acompanhante; autoridade masculina; cuidado.

Texto completo: PDF