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CORPOS EM COLAPSO: IDENTIDADES FEMININAS NO CANCIONEIRO IBERO-BRASILEIRO
Hermano de França Rodrigues

Última alteração: 2015-02-13

Resumo


O cancioneiro ibero-brasileiro, expressão ímpar da cultura popular, traduz, dadas às suas configurações sócio-históricas, concepções de mundo marcadas por direcionamentos conservadores sobre o gênero, o sexo e a sexualidade. Homem e mulher são, em geral, delineados como figuras antagônicas, excludentes, com funções específicas e identificadas por uma hierarquia discriminatória e perversa. Nossa proposta de estudo comporta uma análise da cantiga infantil La Condessa, com vistas a decifrar as configurações ideológicas que explicitam, por meio do discurso (e das demais semioses que o escoltam), as bases conceptuais de um ordenamento institucional edificado por princípios patriarcais, os quais se constroem e se consolidam em seu diálogo afinado (às vezes ruidoso) com o catolicismo autóctone. Como arcabouço teórico, recorremos aos constructos epistemológicos e operacionais da Semiótica das Culturas, desenvolvidos por Cidmar Pais e François Rastier. Trata-se de uma teoria que busca apreender, por meio dos sistemas linguageiros, a íntima relação entre sujeito, cultura e sociedade. Da análise, emergiram caracterizações depreciativas ao feminino, cujo corpo e subjetividade sucumbem à soberania masculina, hábil em manobrar os valores religiosos (ou por estes ser corrompida), de modo a compor práticas opressoras, culturalmente justificáveis. A investigação possibilitou-nos, ainda, ressignificar a estrutura performática da peça, extraindo, do não-verbal, significações que reforçam estereótipos sobre a mulher.


Palavras-chave


Gênero - Literatura – Identidades

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