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Gênero, corpo e novos modos de subjetivação: possibilidades de construção de uma nova cultura sobre o parto
Camila Pimentel

Última alteração: 2015-02-13

Resumo


Este trabalho pretende discutir, a partir das observações feitas na pesquisa de campo em curso, as interconexões entre corpo, sexualidade e modos de subjetivação nas experiências de parto, para sublinhar que a proposta de humanização do parto contribui para a formação de uma outra cultura sobre o parto, em que a autonomia, a liberdade e o acesso à informação possibilitam experiências que, algumas vezes, apontam para vivências sexualmente prazerozas e empoderadoras. A separação corpo e mente, engendrada pelo pensamento cartesiano, foi, em grande medida, o arcabouço em que a biomedicina se ancorou para retirar os aspectos subjetivos da experiência do parto. O puramente biológico foi utilizado como medida para o desenvolvimento de políticas e técnicas na obsterícia que contribuiram para uma cultura sobre o parto que reforça o mito seminal da dor do parto. Assim, a experiência de parturição, em suas potencialidades subjetivas, foi silenciada e o corpo foi civilizado pelo domínio da técnica. A proposta de humanização do parto, deslocando a gravidez da ideia de risco e perigo e refazendo a tessitura de um corpo que além de biológico é afetivo, parece possibilitar uma ampliação de experiências identitárias e a possibilidade de modos de subjetivação diversos. Sob tal perspectiva, a mulher não se configura como mera expectante, mas elabora, de forma esclarecida e empoderada, seus anseios e desejos, a partir de um novo olhar sobre o corpo-que-gesta para além da tradicional arena do pudor, apontando, inclusive, para a possibilidade de experiências sexualmente prazerosas.

Palavras-chave


Gênero. Corpo. Modos de subjetivação. Cultura sobre Parto

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