O viver constitui fator importante e revelador da espiritualidade humana, que muitas vezes é afetada pelas situações de sofrimento e adoecimento. Pensando nisso, desenvolvemos um estudo, cujo objetivo é produzir conceitos de sentido da vida junto a mulheres vitimas de violência doméstica. O caminho metodológico escolhido foi a sociopoética, método desconstrutivista que entende que as participantes da pesquisa são co-pesquisadores, que juntas formam o grupo-pesquisador e produzem conhecimento. Esse grupo foi formado por 10 mulheres atendidas no Centro de Referencia de Assistência Social de Realengo no Rio de Janeiro. A produção aconteceu em quatro oficinas, uma de negociação, duas de produção propriamente dita e uma oficina de análise. Os dados surgiram do grupo-pesquisador e foram analisados com base nas análises: plástica: classificatória; transversal e surreal. Os conceitos produzidos foram o sentido: medo; poço; ponte; túnel/luz; caminho; encontro; e Deus. Esses confetos, junção de conceitos e afeto, mostraram as possibilidades que o sentido da vida pode representar para as pessoas ao enfrentarem a violência. Neles encontramos a força e a motivação para superar as adversidades e manter-se viva, percepção das realizações como importante para a construção de sentido, esperança de dias melhores, encontro de sentido na agressão e na fé, e das relações afetivas estabelecidas durante a vida. Os confetos produziram ressonâncias para a terapia ocupacional, constataram-se paralelos entre os saberes, além da contribuição de novas perspectivas para o cuidado clínico e da descoberta de potencialidade do grupo-pesquisador. Espera-se que esse estudo motive novas pesquisas sobre o assunto