O presente trabalho tem como objetivo analisar, na obra A casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, os discursos e imagens sobre a sexualidade feminina, os quais se acoplam, linguageiramente, às práticas sexuais da protagonista, uma senhora de 68 anos. Como alicerce teórico, optamos pela psicanálise de veios freudianos, mais especificamente, pelos textos que exploram o processo de construção feminina, a partir das vicissitudes carreadas durante o Complexo de Édipo. Quando possível, alargamos nossas reflexões rumo às conexões com a Cultura. Desde épocas remotas, as mulheres são subalternizadas, negligenciadas e, não raras vezes, aniquiladas por estruturas de poder patriarcais. Estas engrenagens ideológicas continuam atuando em nossa hodiernidade, de modo a promover formas de subjetivação, ora côngruas aos seus mandamentos, ora transgressoras a eles. Nesse ponto, nossa pesquisa estabelece – numa interlocução com a literatura – os nexos entre desejo e sociedade, de modo a evidenciar a complexidade na qual se inscreve o feminino.