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Mulheres que reivindicam seus corpos: autonomia e corporeidade na hora do parto
Marília Nepomuceno Pinheiro, Elaine Müller

Última alteração: 2015-02-08

Resumo


Este artigo objetiva confrontar as reivindicações de mulheres pelos seus corpos, durante o processo do gestar e parir, e algumas das perspectivas feministas que, aparentemente, se opõem a tais reivindicações. Numa pesquisa sobre ciberativismo feminino e maternidade, no âmbito do projeto “Narrativas do nascer: abordagem discursiva e banco de dados sobre parto e nascimento”, com fomento do CNPq, pudemos observar uma reivindicação ressoante da fisiologia do corpo da mulher enquanto ferramenta libertadora, em especial no exercício da maternidade. Partos fisiológicos, sem intervenções farmacológicas ou obstétricas, passam, assim, a serem vistos como experiências “empoderadoras” nas trajetórias de vida das mulheres. 
O movimento de mulheres pela humanização do parto e nascimento dialoga estruturalmente com a reivindicação da fisiologia como ferramenta libertadora. E assim desafia a visão clássica: onde a natureza aparece como elemento a ser dominado.
Este fenômeno aponta para duas questões importantes a serem enfrentadas pela teoria feminista. Primeiramente, um redimensionamento da relação entre natureza e cultura, já que estas mulheres exigem um uso do corpo de uma forma supostamente mais “natural”, autônoma, livre da medicalização exacerbada, considerada exagerada e invasiva pelas mulheres (como formas de colonização do corpo da mulher e violência obstétrica praticada com o uso abusivo da tecnologia no atendimento ao parto, como uma das principais questões). Em segundo lugar, aponta-se para a possibilidade de um exercício de uma maternidade “politizada”, questionando a tecnocracia e androcentrismo da ciência obstétrica e ginecológica praticada hegemonicamente.


Palavras-chave


Gênero. Saúde. Corpo. Parto. Direitos Reprodutivos.

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