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Trajetórias profissionais de mulheres em posição de poder e o lugar do gênero: o caso do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (Tje-Pa)
ana patrícia ferreira rameiro

Última alteração: 2015-02-13

Resumo


Iniciada e interessada em estudos e debates permeados pelos temas “gênero e poder” e observando que o Pará é o estado brasileiro com maior representação feminina no desembargo (mais alto cargo do Judiciário estadual), senti-me impelida à pesquisa científica (antropológica), com objetivo de conhecer essas mulheres desembargadoras, enfatizando suas trajetórias profissionais e a maneira que situam e apreendem sua condição de gênero. Apesar de serem atualmente dezenove mulheres a compor esse quadro, não entrevisto todas, pois muitas são as interdições de acesso a algumas. Tendo como critério de amostragem, portanto, a disponibilidade destas para o diálogo, as análises são apresentadas a partir de dez entrevistas semiestruturadas. As entrevistadas possuem uma trajetória de discriminação e resistência a verdades sociais e institucionais desqualificadoras do gênero feminino, com dificuldades experimentadas em inúmeras dimensões da vida. No entanto, não contextualizam essas vivências nem as historicizam em termos de desigualdades de gênero. Nos conteúdos de suas falas, as trajetórias são individualizadas e meritocráticas, compreendidas a partir de outros fatores não relacionados ao gênero. Seus argumentos para justificar essa predominância feminina, se não chegam a ser (auto) depreciativos, atribuem à sorte, às contingencias, aos baixo salários e à magistratura não ser uma carreira atrativa (para os homens) na época de seu ingresso. No exercício do cargo e na administração de papéis sociais atribuídos ao feminino, uma série de dilemas, resistências simbólicas e cotidianas foram e ainda são experimentadas por elas, de maneira assistemática e esvaziada do ponto de vista político.


Palavras-chave


Poder. Mulher. Burocracia. Gênero. Antropologia Jurídica.

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