Partindo de uma abordagem “parcial” (HARAWAY, 2001) das ciências por meio da reflexão sobre lugares, temos a oportunidade de perceber que as ciências são construídas por múltiplos olhares, em um campo permeado de contradições e conflitos. Deste modo, é apostando na contribuição de uma abordagem parcial das ciências que propomos esta pesquisa.  Tendo como cenário a universidade pública, a intenção é investigar: Como as relações de gênero estruturam o campo científico, especificamente, no âmbito da Universidade Federal de Pernambuco?

Tendo como base os olhares, as falas e as trajetórias tanto de mulheres docentes pesquisadoras em inicio de carreira, quanto de mulheres cujas carreiras cientificas já estão consolidadas, vislumbraremos uma investigação de gênero das ciências, dando conta de perceber o processo de inserção e permanência dessas mulheres nas ciências, suas trajetórias e dificuldades na produção de seus conhecimentos científicos.

De forma estratégica, foram escolhidas como sujeitos desta pesquisa, cientistas vinculadas a quatro departamentos da Universidade Federal de Pernambuco: O Departamento de Serviço Social, historicamente conhecido por ser uma área de predominância feminina; o Departamento de Física, nicho expressivamente dominado por homens; e os representantes das Ciências Sociais, o Departamento de Antropologia e Museologia e o Departamento de Ciências Políticas, que a princípio se apresentam como ambientes mais híbridos.  Tentamos analisar se de alguma forma as cientistas consideram que há, no âmbito da produção de conhecimento científico e tecnológico, uma “segregação sexual territorial e hierárquica”, se/ou como tal segregação incidiu em suas  trajetórias.