Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, III Congresso Nordeste de Medicina de Família e Comunidade

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Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa como dispositivo de cuidado para a saúde de Agentes de Combate às Endemias: um relato de experiência.
Francisco Roberto de Araujo Nogueira, Maiara Gomes Rocha, Cristiani Neves Feitosa, Luana Kelly O.S. Mendonça, Raiane Valentim Almino

Última alteração: 2014-08-15

Resumo


Com o intuito de redefinir a Atenção Primária, a Estratégia de Saúde da Família despontou como porta de entrada para os serviços de saúde. Sabe-se que é seu papel o cuidado com a saúde mental, no entanto, tal nível de atenção não tem respondido efetivamente no cuidado da população. Nessa perspectiva histórica, a Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa (TCSI), vem sendo tida como uma modalidade do trabalho grupal, que abre um espaço de fala a cerca do sofrimento e possibilidade de prevenção das conseqüências do estresse diário das pessoas. A TCSI é uma metodologia de intervenção comunitária, que se dá através de encontros grupais, a fim de promover saúde por meio da criação de vínculos, valorizando as experiências de vida dos participantes e ampliando a percepção dos problemas e possibilidades de resolução. Fazendo uso deste trabalho terapêutico, um grupo de terapeutas comunitários em formação utilizou a TCSI para cuidar dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) do município de Tauá, profissionais estes, marcados pelo espírito reivindicatório e pelo sentimento de exclusão profissional, tendo, portanto, grandes chances de serem beneficiados com a TCSI. O grupo de terapeutas é composto por quatro residentes (três enfermeiras e uma psicóloga) pertencentes à ênfase Saúde da Família e Comunidade da Escola de Saúde Pública do Ceará. O grupo de ACE possui apenas homens, com idades entre 21 e 59 anos. Objetiva-se relatar a experiência da realização de rodas de TCI por residentes de Saúde da Família e Comunidade com o grupo de ACE do município de Tauá-CE. Trata-se de uma abordagem qualitativa em formato de relato de experiência, onde foram realizadas cinco rodas de TCSI no período de setembro a outubro de 2013, como parte do Curso de Formação em Terapia Comunitária. Como resultados, tivemos os seguintes temas: insegurança, tristeza, insatisfação, angústia, impotência e preocupação. A maioria dos temas fazia menção às precárias condições de trabalho e a questões de saúde e as estratégias de enfrentamento sugeridas pelo grupo foram: “resolver os problemas por conta própria, por meio do esforço”; “acreditar mais em si mesmo”; “não baixar a cabeça diante dos problemas”; e “evitar o desgaste físico”. Conclui-se que a escolha do público-alvo, por si só, já foi um desafio, por se tratar de uma categoria profissional que reivindica bastante por melhores condições de trabalho, podendo assim, vir a confundir a roda com um espaço aberto para reclamações de cunho profissional.