Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, III Congresso Nordeste de Medicina de Família e Comunidade

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Prevalência de hipertensão arterial e de outros fatores de risco cardiovascular na população de Bomfim, Estância, Sergipe.
Juan Ignacio Calcagno

Última alteração: 2014-08-15

Resumo


No contexto em que as doenças crônicas não transmissíveis se transformaram numa epidemia, a doençacardiovascular (DC) é hoje a primeira causa de mortalidade no Brasil. A DC provoca uma alta morbilidade e um elevado custo para o sistema de saúde. A falta deplanejamento e de medidas preventivas com foco na DC afeta não somente grandes centros urbanos, como também pequenas cidades pelo interior do país. O Município de Estância estálocalizado no Estado de Sergipe. A cobertura do Programa de Saúde no bairro do Bomfim atende uma população de 3271 habitantes (1506 do sexo masculino). O objetivo doestudo foi avaliar a prevalência de hipertensão arterial e de comorbidades associadas no período de um ano (Julho 2013 até Junho 2014). Metodologia: estudo observacional, transversal. A população alvo foram os pacientes dentro da áreade abrangência com diagnostico clínico de hipertensão arterial sistêmica, cadastrados ou não no HIPERDIA. Mediante questionário foram avaliadas as características demográficas, pressão arterial, hábitos de vida, índice de massa corporal e cintura abdominal e comorbidades.Resultados: a prevalência populacional de hipertensão arterial foi de 16,7% (10,0% no sexo masculino versus 22,1% no feminino, P 0,03). Do total de pacientes hipertensos (355) foram avaliados pelo menos uma vez 294 (83%). Aproximadamente 50% da população apresentou níveis de pressão arterial ≥150/100. O sedentarismo (77% versus 87%,P 0,03), a alimentação não hipossódica (94% versus 87%, P 0,5) e a baixa adesãoao tratamento (<50%, P 0,3) foram altamente prevalentes. Menos de 20% dos pacientes conheciam o tratamento farmacológico (P 0,4).  A cintura abdominal no sexo masculino foi ≥102(26,9%) versus ≥88 (87,4%), P 0,00. O sobrepeso no sexo masculino foi de 48,7%versus 34,9% (P 0,01) e a obesidade de 15,8% versus 35,3% (P 0,00). A prevalência de diabetes foi entre 20% e 26% (P 0,3). As comorbidades identificadas foram acidente cerebral vascular (14,5% versus 5%, P 0,01), infarto agudo do miocárdio (5,3% versus 5,5%, P 0,2) e insuficiência cardíaca (5,3%versus 5,5%, P 0,5). Conclusão: a prevalência de hipertensão arterial foi menor à identificada em outros estudos populacionais, principalmente no sexo masculino e provavelmente devido a subregistro. Os níveis de pressão arterial registrados foram muito altos e os hábitos de vida pouco saudáveis. O sexo masculino apresenta-se como o principal grupo populacional de risco. Aproximadamente 20-30% já sofre complicações associadas. Precisa-se de uma política nacional de educação populacional focada na prevenção primária, secundária e terciária para combater a epidemia da doença cardiovascular que não afeta apenas os grandes centros urbanos.