Última alteração: 2014-08-17
Resumo
A necessidade do desenvolvimento de ações de saúde mental na atenção básica - AB surge a partir da constatação de que o avanço da Reforma Psiquiátrica e a efetividade do cuidado aos usuários estão diretamente relacionados a esta iniciativa. É notável que a maioria dos profissionais da saúde da família não receberam formação profissional ou em serviço para acolher pessoas em sofrimento psíquico, entretanto tal demanda é evidenciada como uma necessidade. O processo de aproximação da Unidade de Saúde da Família do Garcia, situada em Salvador-BA, com o tema da saúde mental se deu inicialmente por meio do cuidado mais próximo de uma usuária em sofrimento. Em um momento de discussão subsequente, facilitado por internos de medicina, profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e da equipe de referência avaliaram que seria pertinente e estratégico desenvolver outros tipos de ações para contribuir com o processo de empoderamento dos profissionais na abordagem aos casos de saúde mental. Diante desse cenário, ações foram estruturadas e este trabalho tem como objetivo relatar uma dessas experiências: o Bazar Vida e Arte, que foi organizado a fim de arrecadar fundos para a realização de um passeio dos usuários da comunidade ao teatro para assistir uma peça protagonizada por atores também usuários de serviços de saúde mental. O Bazar contou com o apoio da maioria dos profissionais da USF, nas diversas funções de arrecadação de doações, divulgação, confecção de lanches, organização do material e venda no stand, além destes também terem envolvido usuários nesse processo. O Bazar foi bem sucedido no que se refere à arrecadação de fundos suficientes para a realização do passeio, além de ter sido um evento importante para mobilização das equipes. O passeio viabilizou a circulação social de usuários de saúde mental, além de cadeirantes, possibilitando efetiva inserção em local de lazer comum a todos, em significativa interação com os profissionais. A experiência por importante para desmistificar junto às equipes a ideia do louco como perigoso e sua suposta incapacidade de conviver socialmente, abrindo novas possibilidades de ações e discussões que contribuam para o desenvolvimento do cuidado em saúde mental na AB. Destaca-se como desafio a manutenção de iniciativas como essas e do processo de reflexão junto às equipes, de forma que as ações tenham sustentabilidade a longo prazo e produzam mudanças significativas no cuidado em saúde mental oferecido.