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A Puericultura e o Matriciamento em Saúde – Um relato de experiência em Saúde da Família
Última alteração: 2014-08-15
Resumo
Na Atenção Primária a Saúde, a saúde da criança é uma das áreas de atuação da Estratégia Saúde da Família que exige da equipe uma grande diversidade de saberes. O impacto epidemiológico, demonstrado nos últimos anos, de redução da morbimortalidade a partir de medidas de baixo grau de complexidade, revelam a importância do desenvolvimento de estratégias de atuação que aprimorem o cuidado a esta população. A puericultura realizada pelo enfermeiro na Unidade de Saúde da Família (USF) é um momento no qual se realiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e deve ser realizada de forma interdisciplinar, articulando diversos setores da comunidade na construção de um projeto de cuidado. Neste sentido a integração da equipe do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), utilizando o matriciamento, pode se caracterizar como um caminho na busca da integralidade. O relato apresenta o trabalho desenvolvido no período da Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família da Universidade de Pernambuco sobre a organização da rotina de atenção programada à saúde da criança, nas consultas de puericultura realizadas pela enfermeira e equipe NASF. A rotina foi elaborada utilizando o matriciamento como o elemento capaz de promover cuidado diferenciado à população menor de cinco anos de idade em seu contexto familiar. Buscou-se estabelecer um calendário de consultas de forma que fosse possível compartilhar discussões e conhecimentos com os diversos profissionais que compunham a equipe NASF. O calendário foi organizado com base na caderneta de saúde da criança, para que no momento oportuno fossem avaliadas pela dentista, nutricionista, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga, através de consultas compartilhadas, visando potencializar o acompanhamento. No processo foi possível perceber a mudança no modo de pensar o cuidado à saúde das crianças desenvolvido pela Equipe e pelas mães, estabelecendo um modo mais participativo, interdisciplinar e empoderado de cuidar. É importante lembrar que o apoio matricial em saúde vem na contramão da lógica atual de organização da rede de serviços, como uma nova forma de fazer saúde que têm como seu maior desafio, vencer a estrutura hierarquizada, médico-centrada e requer dos trabalhadores em saúde não apenas executores de protocolos e fluxos, mas sim, defensores de um modelo de atenção que efetivamente garanta os preceitos defendidos pelo Sistema Único de Saúde.