Última alteração: 2014-08-22
Resumo
O presente trabalho descreve uma prática de educação em saúde na escola, realizada pelos acadêmicos do curso de medicina da Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB – UFBA), dentro das atividades propostas pelo componente curricular MED B19 – Módulo de Medicina Social, na Escola Municipal Santa Terezinha, com aproximadamente 30 crianças de 8 a 13 anos.
A educação em saúde é o conjunto de saberes e ações voltadas à prevenção de doenças e promoção de saúde. É o instrumento através do qual o conhecimento cientificamente produzido atinge o cotidiano das pessoas, oferecendo a possibilidade de adoção de novas condutas de saúde.
Assim, a prática baseou-se na percepção de educação dialógica, reflexiva, transformadora, que valorizasse sua cultura e acervo de conhecimentos precedentes, por entender que essa percepção de educação asseguraria a integralidade e efetividade da prática.
Os trabalhos na comunidade dividiram-se em dois momentos: aproximação da comunidade para compreender as suas demandas, interesses e sua cultura e o momento de execução da prática. Nesse primeiro momento ficou estabelecido que a partir de uma conversa com as crianças que educação sexual seria o assunto da prática. Em seguida, optamos por uma exposição dialogada e empregamos como recursos para auxiliar a condução da atividade vídeos, imagens, réplicas de plástico dos órgãos genitais, apresentação física de alguns métodos de anticoncepção, jogos e dinâmicas.
Encontramos dificuldades em eleger os recursos empregados, para que a prática não fosse entendida como um estímulo a iniciação sexual, evitando conflitos com os familiares/ corpo docente da escola, já que a turma era bastante heterogênea. Outro desafio que encontramos deu-se no que dizia respeito a comunicação em saúde (comunicação aqui entendida como partilha de sentido entre os atores envolvidos).
A prática mostrou-se muito produtiva e a multiplicidade de recursos empregados atrelada a horizontalidade do processo, com participação intensa de todos na construção do espaço de aprendizagem foi um ponto positivo que permitiu a manutenção do envolvimento de todos durante o período de execução da atividade.
Para além disso, a prática proporcionou uma reflexão sobre como incorporamos ao longo dos anos de educação institucional a perspectiva de que o modelo de educação vertical e narrativo é o único possível e como tendemos a reproduzi-lo em nossa prática, se não questionamos a que ele se dispõe e qual sua efetividade.