Última alteração: 2014-08-18
Resumo
Na saúde pública, um dos assuntos menos abordados diz respeito a saúde dos cuidadores. Sabe-se que o impacto do trabalho sobre a saúde tem sido investigado regularmente, e então objetiva-se reforçar o alerta para os problemas encontrados pelos profissionais em seu trabalho e as consequências na saúde deste trabalhador.1
Os profissionais de saúde tem, historicamente, sofrido em seu cotidiano. Nas décadas de 70 e 80 o mercado de trabalho se expandiu, houve uma excessiva absorção de mão de obra, onde PACS e PSFs tem se firmado como os grandes empregadores, porém, esta não veio acompanhada de melhorias nas condições de trabalho. Entre os fatores agravantes dessa situação, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde, estão: os baixos salários e condições de trabalho no serviço público, a carreira profissional, e a carência de recursos técnicos e materiais. Pode-se perceber que o discurso do profissional, seja recém formado ou atuante no sistema há alguns anos, é de enfrentamento diário de obstáculos de infra-estrutura inadequada e ineficiente, inexistência de planejamento, reuniões improdutivas, baixa resolubilidade e excesso de demanda.2,3,4
Estudos mostram que uma das maiores consequências dessa situação apresentada é o estresse ocupacional, que geralmente está associado a condições inadequadas de trabalho que são determinantes da qualidade de atendimento prestado; ao trabalho diuturno associado à baixa remuneração, permitindo a ocorrência de duplos empregos e longas jornadas de trabalho; à sobrecarga quanti/qualitativa, a responsabilidade excessiva, a exposição a situações de enfrentamento, principalmente quando se depara com o processo de morte e morrer, ao trabalho rotineiro, a qualidade das relações em equipe e a instabilidade de vínculo empregatício.1,3
Além disso, acontecem situações de adoecimento severo, como a síndrome de Burnout que acomete cada vez mais profissionais de saúde, em especial aqueles que inicialmente destacam-se por motivação e dedicação ao trabalho, mas que, diante da situação a que estão expostos se sentem incompetentes, fazendo surgir fadiga e desinteresse e pode levar até ao afastamento do profissional. 5
Resultante desta situação fica o alerta sobre o cuidado ao cuidador, que, pelo excesso de situações de estresse no trabalho, além de não se cuidar, e pela facilidade de acesso a determinadas substâncias, tem tendência maior a automedicação, que é identificada com um dos fatores de risco para o uso abusivo de substâncias psicoativas.1