A violência sexual é uma das manifestações da violência de gênero mais cruéis e persistentes. A Norma Técnica para a Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual, elaborada pelo Ministério da Saúde configura um instrumento capaz de contribuir para a transformação dessa realidade. A concretude desse importante instrumento poderá ser favorecida por meio de ações de divulgação. Diante do exposto, objetivando difundir a norma técnica de 2013 e estimular o envolvimento dos setores da sociedade que atuam no atendimento às vítimas, entre eles os da Saúde, Justiça e Segurança; no âmbito da Disciplina Ginecologia e Obstetrícia, ministrada no 8º período do curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte foram visitados estabelecimentos da rede pública de saúde de Mossoró/RN, onde a norma técnica foi apresentada, discutindo-se com os trabalhadores aspectos da realidade prevalente e as perspectivas e possibilidades de colocá-la na prática em toda sua plenitude. No semestre letivo vigente, 2014.1, foram visitados quatro hospitais e duas Unidades de Pronto Atendimento. A equipe itinerante foi composta por uma docente médica, alunos regularmente matriculados na disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e Delegacia da Mulher e uma técnica administrativa. Configurou-se uma vivência integradora, de diálogo entre o Ensino e os Serviços de Saúde, em cuja dimensão percebeu-se que o atendimento seguro, digno e eficaz às vítimas de violência sexual requer a criação de espaços apropriados, assim como a informação dos profissionais de saúde, no tocante aos aspectos médicos, legais e éticos que envolvem o atendimento aos pacientes em situação de violência. Outros aspectos evidenciados foram a necessidade da Notificação Compulsória e da disponibilidade de protocolos de atendimento. O potencial de impacto social da ação concretizada, coloca a ampliação do escopo de colaboradores, como membros das Faculdades de Enfermagem, Serviço Social e Direito como meta a ser alcançada, a curto prazo. De forma salutar, a organização de um serviço de atendimento às vítimas de violência sexual, através da integração ensino-serviço, deve atender a requisitos como acesso universal às vítimas, atendimento multidisciplinar humanizado, com intervenção multiprofissional e intersetorial, visando à prevenção da violência e a promoção da saúde.