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O MUSEU DE ARTE SACRA DE PARATY: A PATRIMONIALIZAÇÃO E SUAS NOVAS PERSPECTIVAS
Julio Cezar Neto Dantas, Helena Cunha de Uzeda

Última alteração: 2015-12-18

Resumo


Resumo

As teorizações sobre a abrangência do conceito de patrimônio e o alagamento das fronteiras de sua materialidade, incorporam valores naturais e imateriais, na tentativa de entendê-los a partir de uma integralidade cultural. A relevância dessa visão, numa contemporaneidade globalizada e interconectada, abre espaço a novas análises sobre a compreensão dos bens patrimonializados. A noção de que a musealização desconecta o objeto de sua função original, alterando seu significado primordial como “objeto de museu”, vem sendo testada e reavaliada a cada momento. O Museu de Arte Sacra de Paraty – cidade histórica localizada no litoral do Estado do Rio de Janeiro, que se desenvolveu no século XVIII sob a influência do ciclo do ouro – inclui-se nesse processo que amplia os limites de compreensão do fenômeno museal. Paraty, em 1965, após longo tempo de decadência e esquecimento, conseguiu consolidar a institucionalização de seu rico acervo religioso, formado por cerca de 1.200 peças de grande valor artístico e histórico, que sofria com roubos recorrentes, objetos que mantinham uma profunda ligação simbólica com a identidade local. Todas essas peças musealizadas e abrigadas no MAS permanecem sendo utilizadas pela comunidade paratyense durante as festas religiosas tradicionais da cidade, numa vivência funcional que, estranha aos objetos que habitam as vitrines dos museus, coopera para revivificar periodicamente o poder simbólico desse patrimônio diante da comunidade, um processo cultural profícuo que persiste por três séculos e que opera a repetição mítica de um Tempo religioso que não flui. Entre as manifestações locais, o trabalho focalizará a procissão de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, praticada desde o século XVII, que elege um rei e uma rainha negros, que remete às origens do Congo, que desfilam pelas ruas de Paraty portando os objetos sacros que são cedidos pelo Museu de Arte Sacra, mas que pertencem, por direito, ao universo cultural e simbólico de toda a comunidade de Paraty.

 

Palavras-chave: Patrimônio. Museologia. Arte sacra. Patrimônio Imaterial. Cidade de Paraty


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