Última alteração: 2015-12-18
Resumo
O escopo da pesquisa é desvelar as tessituras da escrita de si, percebendo-a como um modo de preservar as lembranças, armazená-las e arquivá-las em cartas e diários, considerados como artefatos de informação memorialísticos. A análise do estudo abrange a abordagem epistemológica interdisciplinar, por contemplar aspectos históricos, sociais e culturais. A pesquisa aponta três aspectos: 1) É possível considerar diários e epístolas artefatos de informação cultural e memorialística? 2) Como se processa, se organiza, e se disponibiliza a informação, na Escrita de si, em que o próprio indivíduo se faz personagem de si mesmo, como criação do sujeito ‘transindividual’? 3) Que elementos de transdiscursividade contidos em diários e cartas ressignificam lembranças individuais e coletivas e preservam na atualidade um “lugar” epistêmico de memórias? Tentar-se-á a partir da perspectiva teórica da Ciência da Informação e os aportes teóricos metodológicos da hermenêutica Ricoueriana, interpretar o significado das palavras, seus múltiplos sentidos, o ponto de completude, da transfiguração do sujeito do que ele conhece sobre si mesmo, e que se transfigura, como uma construção do personagem de si mesmo. O estudo aponta uma filosofia auto reflexiva do ego assumindo a forma ontológica de Hermenêutica do si pretendendo ser a memória. Em síntese o diário e a epístola como artefato informacional de cultura e memória através da escrita de si abrange um inventário do passado pertencente a uma herança social e coletiva do tempo e lugar determinado pelo autor que escreve. Defende-se que a escrita de si como prática etopoiética da ascese se constitui na produção de informações do eu, instituindo-se em práticas informacionais ‘autorizadas’ que auxiliam na construção e ressignificação das memórias individuais e coletivas.
Palavras-chave: Escrita de si. Informação. Memória. Hermenêutica. Episteme.