As relações diplomáticas estabelecidas entre o Brasil e a França incluem um intercâmbio secular de aspectos políticos, econômicos e culturais. Essa colaboração também pode ser observada por meio da consolidação das práticas arquivísticas no Brasil e da institucionalização da Arquivologia no País. No contexto dos arquivos privados, compreende-se que esse tipo de acervo tem ocupado um espaço pouco privilegiado nas discussões da área. No caso francês, a conceituação dos arquivos privados ocorreu somente com a promulgação da Lei de Arquivos, em 1979, o que se assemelha à realidade brasileira. Acompanhando um padrão internacional e, especialmente, inspirando-se na legislação da França, o Brasil teve a sua política nacional de arquivos públicos e privados aprovada em 1991, garantido, inclusive, a preservação dos registros privados de interesse público. Essa comunicação teve como objetivo apresentar as práticas que precederam esses marcos legais nos dois países e os movimentos que deram suporte para o reconhecimento dos arquivos privados como de interesse histórico. Baseando-se numa pesquisa documental e bibliográfica sobre o tema descreveu-se a realidade do Brasil e da França no que diz respeito à identificação do valor dos arquivos privados e as ações que antecederam o entendimento de que esses documentos são patrimônio nacional, tendo em vista a promulgação da legislação arquivística. Concluiu-se que, durante muito tempo, houve uma dificuldade em definir, de maneira clara, a constituição, os modos de tratamento e acesso aos arquivos privados, o que provocou a custódia desses documentos por diversos tipos de instituições. Além disso, foi possível concluir que o reconhecimento da importância dos arquivos privados no Brasil e na França está relacionado ao desenvolvimento das práticas historiográficas, sobretudo a partir do século XX.

Palavras-chave: Arquivos. Brasil. Arquivos. França. Arquivos privados. Práticas arquivísticas.