Esta comunicação tem por objetivo, apresentar resultados de pesquisa, a partir das análises de Relatórios de Presidente de Província (década 1860), jornais do século XIX e assentos de batismo dos anos de 1865 e 1866 da freguesia de Nossa Senhora das Neves, a então capital da província paraibana e denominada Cidade da Parahyba. As informações históricas obtidas em tais fontes possibilitam identificar as relações de compadrio em 752 registros de batismo e entre os quais evidenciamos o parentesco espiritual dos filhos e das filhas das mulheres negras livres, que nos mostram o predomínio de relações sociais horizontais, ou seja, as mães negras escolhiam homens e mulheres para se tornarem seus compadres e comadres. Por seu turno, com os jornais do século XIX e relatórios das autoridades provinciais, podemos estudar a presença dessas mulheres no mundo do trabalho como amas de leite, negras de tabuleiro, e babás. Esta pesquisa tem como aporte a História Social, que tem possibilitado a construção de uma história dos vistos de baixo, caso da população negra, mostrando mulheres, crianças e homens negros como sujeitos históricos. Sendo que o uso da metodologia da Demografia Histórica articulada com análises qualitativas de periódicos e fontes oficiais, conseguimos evidenciar a forte presença da população negra na Paraíba provincial, suas estratégias firmadas no momento do batismo de seus/suas filhos(as), como uma estratégia de sobrevivência em sociedade escravista, elitizada e preconceituosa, estabelecendo assim suas redes de sociabilidades, assim como a inserção de mulheres negras livres no mundo do trabalho no momento de crise do escravismo. Por fim, este trabalho faz parte de um projeto mais amplo, intitulado Gente Negra no Nordeste Oitocentista: arranjos familiares e redes de sociabilidade, desenvolvido por pesquisadora do Departamento de História da UFPB, tendo como um dos objetivos investigar os arranjos familiares e as redes de sociabilidade de pessoas negras de diferentes condições jurídicas no período oitocentista.

Palavras-chave: Mulheres negras livres. Trabalho. Paraíba Oitocentos.