Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, XVII Encontro Estadual de História

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RECRUTAMENTO MILITAR EM TEMPOS DE LÍTIGIO: clientelismo político e relações de poder na província da Paraíba durante a Guerra do Paraguai (1864-1870).
Alysson Duarte Cabral

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


O objetivo deste trabalho é trazer para o debate uma discussão sobre como se davam os recrutamentos militares tanto para a Guarda Nacional como para o exército, na província da Paraíba no período em que o Império brasileiro esteve envolvido na Guerra do Paraguai. Analisando as tramas das relações políticas e clientelísticas envolvendo os poderes locais e os representantes do poder Imperial na província, característica comum no jogo político da nação na época, tendo em vista que a base de sustentação do poder central constituía-se no mandonismo das elites locais espalhados por todos os recantos do território. Como bem destacou José Murilo de Carvalho (1996) o Estado era construído por um grupo que ocupava o poder, resultando numa sociedade marcada pela hierarquização e exclusão. Enfim, um Estado formado pela imposição dos interesses e marcado por relações de poder entre os que compunham a elite imperial na época. Dessa forma, assim como ocorreu em todas as províncias imperiais coube aos políticos paraibanos juntamente com a elite agrária e econômica local arregimentar os contingentes para defender o território nacional na guerra travada no Sul contra a República paraguaia. Ungidos de poder na província, ao presidente cabia a tarefa de intermediar os interesses dos potentados locais com o governo central, nomeando homens de confiança para ocupar os principais postos. Neste cenário, enfatizamos as relações de poder entre os presidentes da província da Parahyba com o poder local no período estudado. Recorrendo as autoridades militares e policiais na província, estes presidentes procuravam cumprir os deveres e atribuições que lhe eram concedidos, desempenhando-as em um esforço constante para conseguir voluntários e recrutas para honrar a pátria no conflito. Neste contexto, enfatiza-se o aspecto clientelístico que envolvia os grupos políticos na província na época, destacando as diversas tramas de poder existente entre estes e seus protegidos políticos. Em um momento que o recrutamento intensificou-se o mandonismo local desempenhou um papel preponderante nesta tarefa. Em suma, o trabalho aborda a formação dos conchaves e tramas na elite política e econômica na província da Parahyba na década de 1860. Naquele período os recrutamentos para o serviço militar, assim como o decreto que ordenavam a convocação de praças da Guarda Nacional dependiam totalmente destas tramas políticas entre os comandantes dos postos da Guarda Nacional, representantes do mandonismo local, membros de famílias influentes e ocupantes de cargos de confiança do governo provincial.

Palavras-chave: Clientelismo político; Tramas do poder; Mandonismo local.


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