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Ecos de uma história silenciosa: violência e impunidade no assassinato de Violeta Formiga (1951-1982)
Rayana Benicio de Oliveira

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


Este artigo visa discutir como a construção dos códigos de masculinidade, gênero e dispositivo de sexualidade formaram as concepções de violência empregada às mulheres. Fenômeno antigo, generalizado e bastante complexo. Sua ocorrência atinge mulheres de diferentes classes sociais e em diversos lugares, porém, é no espaço doméstico que ocorre o maior número de casos. Lilia B. Schraiber (2005) comenta que as atitudes violentas contra as mulheres, constitui uma questão social complexa e difícil, porque nem sempre tais atos foram vistos como violação dos direitos femininos. Tais atos foram vistos como violência devido a luta de muitas mulheres, e de alguns homens, pela igualdade de direitos, pelo fim dos assassinatos femininos. Muitos desses casos de violência de gênero ficaram por muito tempo impune, como no assassinato da poeta paraibana Violeta de Lourdes Formiga Maia (1951-1982), morta pelo ex marido na cidade de João Pessoa, pois não se conformava com o fim do relacionamento. E mesmo antes do seu assassinato ela vivia sob constante pressão e medo. Que amor é esse sinônimo de medo, sinônimo de posse sexual, sinônimo de morte? Essa história traz a tona elementos que perpassam por uma trama de conflitos conjugais, em que o amor figura como motivador dos homicídios de mulheres. Assim pretendemos mostrar que a violência contra as mulheres é um fenômeno social e cultural característico de sociedades patriarcais que idealizaram a agressividade, ambição, virilidade, entre outros adjetivos, como padrões esperados a comportamentos de indivíduos masculinos. Para tanto, lutar em busca da visibilidade desse caso significa dar visibilidade, exigir conhecimento e propostas de resolução, atitude que o feminismo vem buscando construir, sob uma ótica que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder.

Palavras-chave: violência, Violeta Formiga, impunidade


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