Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, XVII Encontro Estadual de História

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Da senzala para igreja: os fios e rastros da História e Memória Quilombola conhecidos pela prática pedagógica entre docente e discentes na Comunidade Quilombola de Piratininga em Bacabal-MA
Jucilane de Sousa Carlos

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


“Da senzala para igreja: os fios e rastros da História e Memória Quilombola conhecidos pela prática pedagógica entre docente e discentes na Comunidade Quilombola de Piratininga em Bacabal-MA” propõem desconstruir a ideia de pesquisa formalizada em publicações impressas e utilizada unilateralmente como fonte escolar, para o aluno construir o conteúdo usando a memória de quem viveu ou herdou as lembranças dos meandros sociais. Como Prof. de História mais dez alunos do Ensino Médio Técnico do Instituto Federal de Educação-IFMA/Bacabal, aguçamos a percepção e sutiliza sobre os conhecimentos divulgados e o real na Memória da História Quilombola em Bacabal-MA. A comunicação pedagógica da História e Cultura Africana e Afrobrasileira além de símbolos comemorativos, mas práticas pedagógicas unindo docentes, discentes, sociedade e produção acadêmica crítica e democrática, rumo a pesquisa, extensão e produção de material didático fomentaram o trabalho - Memórias e Origens das Comunidades Quilombolas de Bacabal-MA. Sob instruções para pesquisa, a equipe entrevistou os moradores mais antigos, com respaldo da História Oral. Identificamos as motivações da vinda dos fazendeiros donos de escravos, as relações com senhor e escravo, mudança da fazenda de escravo para Quilombo, o processo de libertação dos escravos, a ocupação dessas terras e conflitos gerados pelas invasões, os desafios para manutenção da cultura afrodescendente e as relações com a área urbana do município de Bacabal. Conseguimos acervo impresso como poemas, monografias e outros, e fotografamos objetos herdados da remota e indesejada escravidão, de espaços e prédios que traduzem a temporalidade dos acontecimentos que constroem a identidade de Piratininga. Com a leitura do material impresso a equipe cruzou informações: sentimento de negação da escravidão por parte de moradores que negaram ter ocorrido tortura de escravos em contraponto ao material escrito que afirma sua existência; apresentação dos senhores da fazenda como possuidores do sentimento paternal na relação com os escravos; o tratamento que os ex-escravos e então libertos deram aos espaços da ex-fazenda para atual terra de Quilombo ou remanescente Quilombola: a senzala fora demolida e sobre suas ruínas foi erguida a igreja em homenagem ao Santo São Lourenço, as expressões na face e na fala em destacar que as terras foram doadas pelos antigos donos, livrando os escravos da fuga, resistência e lutas. Está sendo construído um acervo com vídeo, apresentação em slide, álbum fotográfico, banner e folder, que será usado para apresentar o Quilombo à outros estudantes de escolas públicas na cidade. A atuação de nossos alunos no tratamento de bens culturais, reconhecimento das memórias Quilombolas em seu município, transmissão e exposição do acervo construído, nos permitem contribuir na ampliação do debate que a prática docente cidadã utilize linguagens que ampliem o leque do currículo escolar com ética e observando a dinâmica científica étnica.


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