Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, XVII Encontro Estadual de História

Tamanho da fonte: 
Cultura monolítica, imagens cristalizadas: questões da diversidade indígena no brasil
Daniel Santana

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


Compreender os lugares dados aos povos indígenas dentro do que chamamos como pensamento social brasileiro e todo o caráter generalizante que está impregnado neste conjunto não é uma tarefa fácil. Principalmente porque as linhas de raciocínio que montam a estrutura deste ‘lugar indígena’ na memória (ou poderíamos dizer, imaginário) constroem-se em situações históricas específicas nos mais variados contextos políticos que o atual Brasil passou: o período de construção da América Portuguesa e a formação da administração colonial portuguesa nestas terras e todo o seu aparato jurídico-institucional que buscou controlar o conjunto social daquele contexto; o período Imperial, que reafirmou grande parte da estrutura deste modelo (como tratar da questão dos ‘índios remanescentes’ na sociedade imperial) anterior, mas com algumas mudanças (como no caso da tutela destes povos e na assimilação deste à ordem político-social vigente); e nos mais diversos momentos históricos desencadeados a partir do início do século XX, desencadeando na constituição de 1988 que garantia direitos fundamentais (e primordiais) para os povos originários do Brasil. As diversas contradições, rupturas, continuidades e transformações dos regimes políticos sofridos ao longo de 500 anos mudaram diversas vezes o rosto social brasileiro no que tange sua organização social, desembocando numa sociedade marcada pela exploração do trabalho, pela quase absoluta não-participação de certos setores da sociedade na máquina político-administrativa do Estado e na ferida aguda e em constante sangramento, que se atualiza a cada situação histórica, que é a desigualdade social. E tudo isso aponta para um indicativo interessante para a formação deste pensamento cristalizado acerca da população indígena na contemporaneidade ou na história de um modo geral, que têm por consequência o espectro cultural estereotipado que permeia grande parte do imaginário social deste sujeito histórico – as vezes confundido (socialmente falando) com a grande massa pobre da população. Posto isto, a proposta desta comunicação terá como justificativa apresentar alguns pontos sobre o problema da representatividade indígena no imaginário social brasileiro e apontar, através de estudos de caso dos Potiguara da Paraíba, questões acerca da multifacetada realidade dos povos indígenas no Brasil.


Texto completo: PDF