Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, XVII Encontro Estadual de História

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MOVIMENTO SINDICAL RURAL EM SURUBIM-PE: NO CONTEXTO DA ABERTURA POLÍTICA (1970/80)
Adriano Oliveira Barbosa

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


O movimento sindical no campo, teve como precursor as ligas camponesas que, em sua fundação inicial tinha o intuito de criarem uma associação de agricultores a fim de cuidar de questões assistenciais comuns aos mesmos. Posteriormente, o principal objetivo passou a ser a luta pela desapropriação de terras improdutivas, a reforma agrária e a diminuição das explorações e exigências dos latifundiários. O movimento das lutas no campo em meados de 1940/50 se tornara bastante visível politicamente, com seus episódios mais conhecido em Galiléia (Vitória de Santo Antão-PE) e em Sapé-PB, sempre com casos de repressão violenta e assassinatos encomendados. Entretanto, o movimento foi extinto com a tomada do poder pelos militares em 1964, apoiados pelo governo norte americano e por um bloco de classes (empresários, multinacionais, banqueiros, setores conservadores da Igreja Católica, latifundiários), coibiam reprimiram, calaram e desorganizaram as movimentações sociais rurais temendo uma insurgência comunista como em Cuba. Com o período de abertura e redemocratização do país, iniciada nos anos 1970 e levada adiante nos anos 1980, os movimentos sociais do campo, ressurgem com os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, cujas principais reivindicações eram a luta pela reforma agrária e os direitos do homem do campo, embasados na constituição dos direitos humanos. Nesta mesma década, na cidade de Surubim, situada no agreste setentrional de Pernambuco, o movimento sindical reivindica, veementemente tais pautas, gerando a insatisfação dos latifundiários que investem contra tais reinvindicações, atacando as lideranças do movimento desde maneira violenta e até assassinatos, a fim de coagir o movimento, ao mesmo tempo em que avisa aos que insistissem em permanecer na luta pela reforma agrária, de que sangue seria derramando caso a resistência continuasse O objeto de nosso estudo concentra-se na historicização de tais acontecimentos, além do preenchimento de lacunas na escrita historiográfica local que obscurecem as conquistas de tais lutas, que em vários casos foram pagas com as vidas de suas lideranças. Pretendemos contribuir para a construção da história dos movimentos rurais, dando visibilidade a estes acontecimentos antes que se percam na história, com o objetivo preencher lacunas na historiografia das lutas agrarias em Pernambuco, assim como dar voz a memória edocumentos daqueles que participaram ativamente dos fatos. A fim de que possamos compreender a luta de classe no campo e as demandas por direitos ainda hoje tão atuais nas pautas dos movimentos sociais da contemporaneidade.Para a elaboração desse trabalho fazemos uso da história oral, realizando entrevistas com pessoas que estavam à frente do movimento, além de fotografias e documentos escritos. Teoricamente, estamos embasados nas categorias de classe, luta de classe e história vista de baixo, elaboradas pelo historiador inglês E. P. Thompson e no debate historiográfico brasileiro sobre a história social do campesinato, sobretudo a partir de trabalhos como o de Márcia Motta.

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