Portal de Conferências do Laboratório de Tecnologias Intelectuais - LTi, XVII Encontro Estadual de História

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Diálogos entre Educação Patrimonial, História, Memória e Cultura: o caso do Subindo a Ladeira
Letícia Helen Silva Teles

Última alteração: 2016-12-19

Resumo


O presente artigo tem como objetivo fazer uma explanação sobre a experiência realizada no decorrer do ano de 2015 no Projeto Subindo a Ladeira: Educação Patrimonial e Ensino de História (Varadouro/João Pessoa-PB) que atua na comunidade do Porto do Capim (incluindo Vila Nassau, Frei Vital e Cortume) desde o ano de 2011 através do Programa de Bolsas de Extensão da UFPB (PROBEX). Os moradores que habitam a comunidade há mais de setenta anos – mantendo sua tradição ancestral, perpetuando seus costumes e fortalecendo sua ligação com o rio e com o mangue – encontram nesse território o palco para preservação dos seus bens culturais, bens estes que defrontam-se cotidianamente com ameaças por parte de políticas públicas higienistas que preveem a remoção da comunidade e a utilização da área voltada para o turismo de mercado. As ações do Subindo a Ladeira, voltadas para as crianças com a faixa etária dos 7 aos 14 anos, são centradas na educação patrimonial e no ensino de História da Paraíba através da linguagem artística, visando fortalecer uma perspectiva cidadã e o reconhecimento por parte das crianças (e, por extensão, de toda a comunidade) de sua posição intrínseca de protagonista da História. A educação, entendida aqui, a partir dos conceitos freirianos de transformação do mundo e de cidadania, está diretamente ligada à percepção de patrimônio imaterial que encontra na experiência cotidiana e na história vivida suas bases de sustentação, tornando evidente que a construção humana e histórica também se traduz imaterialmente através dos laços comunitários que se fortalecem por intermédio da memória coletiva, e das heranças culturais e tradicionais que sobrevivem mesmo com o passar do tempo. Nota-se uma crescente participação da comunidade no processo de resistência e de luta pelo direito de permanecer no território que ocupa há gerações. Essa resistência é fruto do fortalecimento da identidade local e comunitária que ocorre por diversos fatores. Sem dúvida alguma, o Subindo a Ladeira tem contribuído para esse fortalecimento. Vale acrescentar que o "conhecimento acadêmico" não é tratado, neste projeto, com superioridade em relação aos saberes populares. A consciência histórica não se limita assim aos grandes intelectuais e aos muros universitários, esse conhecimento tem que se aproximar e ser construído com, e ao lado das camadas sociais menos favorecidas para que exista uma correlação e uma reparação nos erros históricos. É partindo dessa premissa que a universidade irá começar a cumprir o seu real papel que é ser povo.

Palavras-chave: Educação Patrimonial, Ensino de História, Memória, Cultura.


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