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Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) - Projeto EDUCA CIM

por Coordenação publicado 31/08/2020 17h21, última modificação 27/09/2023 09h09
Texto elaborado pelos acadêmicos, Ayrton Augusto da Silva Ferreira e Maria Eduarda Alves De Alencar revisado pelo Professor Dr. Gabriel Rodrigues Martins de Freitas.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são doenças causadas por vírus, bactérias ou fungos, transmitidas, principalmente, por meio das relações sexuais sem proteção. Pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. As Infecções Sexualmente Transmissíveis são um grave problema de saúde pública. Quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem levar a pessoa portadora a ter complicações graves e até a morte.

Existem diversos tipos de infecções sexualmente transmissíveis, causadas por diferentes agentes patológicos. Algumas das mais conhecidas são:

Sífilis: é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode também ser transmitida verticalmente, da mãe para o feto, por transfusão de sangue, contato direto com sangue contaminado ou relação sexual sem proteção.

Seus sintomas são divididos em fase primária, secundária e terciária. Demonstrando sintomas mais simples na primeira fase, como pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro duro). A segunda é caracterizada por manchas vermelhas na pele, mucosa da boca nas palmas das mãos, pés e a terceira pode levar a comprometimento do sistema nervoso central e lesões na pele e até dos ossos.

O tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência. Essa é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença. Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina.

Gonorreia: é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Neisseria gonorrheae. Infecta principalmente a uretra (canal que liga a bexiga ao meio externo), mas também pode infectar o colo do útero, o reto, garganta e até mesmo a córnea. O período de incubação vai desde a relação desprotegida até as primeiras manifestações da doença varia de 24 horas a até 14 dias.

Seus sintomas incluem: inflamação no canal da uretra, dor ou ardor ao urinar, saída de secreção purulenta amarelo-esverdeado pela uretra. Em casos de sexo anal: sangramento, coceira e secreção; Sexo oral: dor e alteração da fala.

O tratamento mais utilizado contra a bactéria Neisseria gonorrheae, era a administração da penicilina benzatina. Após décadas de automedicação prolongada, a bactéria sofreu mutações decorrentes do mal-uso do antibiótico, que a fortaleceram e impossibilitaram o uso da penicilina benzatina no tratamento da gonorreia. Por isso, atualmente, utiliza-se em geral uma injeção de ceftriaxona e azitromicina em dose única. Outras combinações podem ser realizadas de acordo com cada caso.

 Cancro venéreo: é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, sendo mais frequente nas regiões de clima tropicais, como o Brasil. 

Essa condição acomete o sexo feminino, mas é mais frequente no sexo masculino.

Seus principais sintomas são: feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pus, que aparecem com frequência no pênis, ânus e vulva, podendo aparecer nódulos (caroços ou ínguas) na virilha;

Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, é recomendado procurar um profissional de saúde, para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado.

 AIDS: é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. 

É importante ressaltar que: HIV e AIDS não são sinônimos. HIV é o vírus causador da AIDS. Ao contrário de outros vírus, como o da gripe, o nosso organismo não consegue eliminar o vírus HIV.Ter HIV++ não significa que a pessoa desenvolverá AIDS, porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida. Já a AIDS (da sigla em inglês, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é o estágio mais avançado desta infecção.

A AIDS é dividida em 3 fases: infecção aguda, assintomática e fase sintomática. Os sintomas iniciais são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. A última fase é caracterizada por diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

Além disso, várias complicações podem ser desencadeadas como: problemas cardíacos, hepáticos, renais, câncer.

Para o tratamento são usados medicamentos antirretrovirais (ARV). Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, o uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 22 medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas. 

Herpes genital: é uma doença sexualmente transmissível causada pelo vírus do herpes simples (HSV). A transmissão ocorre por meio do contato direto com a pele ou secreções de uma pessoa infectada, ou seja, por meio do beijo, das relações sexuais, do atrito e até mesmo do compartilhamento de objetos de uso pessoal.

Embora o herpes não tenha cura, uma vez que não é possível eliminar o vírus do herpes do organismo, é possível fazer tratamento. Na gravidez, essa condição pode provocar abortamento espontâneo, uma vez que existe a transmissão vertical (transmissão de uma infecção ou doença a partir da mãe para o seu feto no útero ou recém-nascido durante o parto). É importante ressaltar, que existem tipos de HSV, os principais são:

HSV-1 é transmitido principalmente através do beijo, manifestando-se principalmente na região da boca, nariz e olhos;

HSV-2 geralmente é transmitida por relações sexuais, acometendo a região genital masculina e feminina; 

 Vale destacar que pode ocorrer a infecção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 se houver contato oral-genital. Isto é, pode-se pegar herpes genital na boca ou herpes oral na área genital. 

Seus sintomas incluem: ardor, coceira, formigamento, gânglios inflamados, bolhas características do herpes, manchas vermelhas, vesículas agrupadas em forma de buquê.

Para esse tipo de infecção na pele causada pelo vírus Herpes simplex, o medicamento mais indicado é o Aciclovir. Mas, é importante destacar que o tratamento é individualizado e só o médico poderá indicar qual o melhor meio para cada caso. Durante o tratamento é aconselhado evitar o contato íntimo porque, mesmo utilizando camisinha, o vírus pode passar de uma pessoa para a outra, se alguma das lesões entrar em contato direto com a outra pessoa.

Candidíase ou monolíase: é uma infecção provocada por fungos – o mais frequente é a Cândida albicans – que pode acometer a região inguinal, perianal e o períneo. Apesar de não ser considerada uma doença sexualmente transmissível, pode ser transmitida através de relações sexuais. Mulheres e homens podem desenvolver a infecção.

Nas mulheres os principais sintomas são: coceira na vagina e no canal vaginal; corrimento branco, em grumos, parecido com a nata do leite; ardor local e para urinar; dor durante as relações sexuais.

Nos homens os principais sintomas são: pequenas manchas vermelhas no pênis; edema leve; lesões em forma de pontos; prurido (coceira). Em casos mais graves distúrbios gastrointestinais, respiratórios e outros problemas dermatológicos podem aparecer.

A candidíase tem cura. Seu tratamento consiste no uso de medicamentos e pomadas antifúngicas, como o Fluconazol. Devendo ser de acordo com indicação médica.

Chato (Pthirus pubis): é o parasita que causa pediculose pubiana ou ftiríase e habita os pelos da região pubiana principalmente, mas pode ainda ser encontrado nas coxas, baixo tórax, axilas e até na barba e no couro cabeludo. A transmissão é feita através do contato íntimo, ou de roupas de uso pessoal, roupas de cama e de toalhas.

Um dos principais sintomas é a coceira. Nos locais da picada, podem ocorrer alterações da pele semelhantes à urticária, bolhas e manchas azuladas.

Para o tratamento os medicamentos mais indicados para a combater a pediculose pubiana (ex: Malationa ou Permetrina) devem ser aplicados nas áreas afetadas (púbis, coxas, tronco, axilas etc.) duas vezes seguidas e depois de sete dias novamente. A aplicação deve ser feita localmente e repetida entre sete e dez dias depois, para combater os ovos que ainda não haviam eclodido. O objetivo da primeira aplicação é eliminar os insetos adultos; o da segunda é acabar com aqueles que ainda não haviam eclodido na primeira aplicação.

Tricomoníase: é uma infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis. Sua transmissão ocorre por meio das relações sexuais desprotegidas ou contato íntimo com secreções de uma pessoa contaminada. Nas mulheres, atinge o colo do útero, a vagina e a uretra, e nos homens, o pênis.

Alguns dos seus sintomas são: corrimento amarelado ou amarelo-esverdeado, coceira, odor forte e desagradável, irritação vulvar, dor durante o ato sexual.

O tratamento mais comum para tricomoníase, inclusive durante a gravidez, é tomar uma dose alta de metronidazol, secnidazol ou tinidazol. O medicamento ministrado por via oral é muito mais eficaz para tricomoníase que a inserção de um creme ou gel no órgão sexual. Tanto o paciente quanto os parceiros e parceiras sexuais precisam de tratamento e evitar ter relações sexuais desprotegidas até que a infecção seja curada, o que leva cerca de uma semana. 

Hepatite: é uma inflamação do fígado, geralmente também causada por vírus, mas que pode ser provocada pelo consumo abusivo de bebida alcoólica e por reação adversa a alguns medicamentos. Os vírus da hepatite podem ser transmitidos através da água e de alimentos contaminados com matérias fecais (A e E) e o que seria o seria o nosso foco, por vias sexuais (B, C e D). As hepatites C e D podem ser transmitidas pelo infectado para o parceiro sexual, se ocorrer contato ao sangue no momento do ato sexual. A hepatite B é transmitida através da exposição a qualquer fluido infectado (saliva, sêmen, suor, sangue).

Alguns casos não apresentam indícios. Sintomas diferentes ocorrem na fase inicial (pré-ictérica), caracterizada por: dor abdominal, náusea, fadiga, perda de apetite, urticária e artralgia (Hepatite B), febre e na fase avançada (ictérica), marcada por: urina escura, icterícia (coloração amarela dos olhos e pele), fezes esbranquiçadas.

Para cada tipo de hepatite causada por meio de relações sexuais há uma forma de tratamento:

Hepatite B - Em casos mais leves, a doença desaparece sozinha. Casos crônicos necessitam de farmacoterapia e, possivelmente, de um transplante de fígado.

Hepatite C - A hepatite C é tratada com medicamentos antivirais. O interferon peguilado (substância antiviral que produz menos efeitos colaterais) injetável por via subcutânea, associado a outra droga antiviral, a ribavirina, administrada por via oral por tempo que varia entre seis meses e um ano, dependendo do genótipo do vírus.

Hepatite D - Os medicamentos não ocasionam a cura da hepatite D. O objetivo principal do tratamento é o controle do dano hepático. Todos os pacientes portadores de hepatite Delta são candidatos à terapia disponibilizada pelo SUS.

A maioria dessas e outras IST não possuem cura, dessa forma, o tratamento torna-se imprescindível. Tendo como objetivo, interromper a cadeia de transmissão, melhorar a qualidade de vida e evitar complicações para a saúde.

Sendo assim, o tratamento inicial é direcionado para os microrganismos com mais probabilidade de serem a causa da síndrome (p. ex., uretrite, cervicite, úlceras genitais, doença inflamatória pélvica). A maioria das doenças sexualmente transmissíveis pode ser tratada com eficácia com fármacos. Mas a resistência farmacológica é um problema crescente.

Pacientes que estão sendo tratados contra uma IST bacteriana devem se abster de relações sexuais até a infecção ser eliminada. Os parceiros sexuais devem ser avaliados e tratados simultaneamente. ISTs virais, especialmente a infecção pelo HIV, geralmente persistem por toda a vida. Antivirais podem controlar, mas ainda não curam todas essas infecções.

Os medicamentos antirretrovirais para o HIV atuam no mecanismo de multiplicação do vírus, evitando que ele infecte as células de defesa do organismo. Não existe uma cura para a AIDS. Mas uma adesão estrita aos regimes antirretrovirais (ARVs) pode retardar significativamente o progresso da doença, bem como prevenir infecções secundárias e complicações.

Para prevenir as IST é indispensável o uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais), além da conscientização do parceiro sexual sobre a importância do uso do preservativo e relações sexuais com parceiros fixos. Ressaltando a importância da realização dos testes para IST periodicamente, para garantir sua segurança e do seu parceiro sexual.

A descoberta antecipada de uma IST aumenta a eficácia do tratamento. Quanto antes descoberta, melhor será o tratamento e diminuição de sintomas. Os preservativos masculinos ou femininos podem ser retirados gratuitamente nas unidades de saúde.

 

Referências

 

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.O que precisamos saber sobre IST.Santa Catarina, 2012.Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/publicacoes/IST_FINAL_Web.pdf. Acessado em: 09 de agosto de 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE.Infecções sexualmente transmissíveis (IST): o que são,quais são e como prevenir.2013.Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist. Acessado em: 09 de agosto de 2020.

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ANNA, E. Rutherford. Visão geral da hepatite viral aguda. Harvard Medical School, 2017. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/hepatite/vis%C3%A3o-geral-da-hepatite-viral-aguda. Acessado em: 10 de agosto de 2020.