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Tratamento de lesão medular

Projeto do curso de Educação Física ajuda na recuperação dos movimentos de quem sofre com lesão medular
publicado: 16/09/2019 20h54, última modificação: 24/09/2019 10h09

Os desafios enfrentados por quem sofre de lesão medular são muitos. Tudo na rotina muda e passa a funcionar de maneira diferente. A lesão medular é até hoje um dano irreversível e um desafio para os pesquisadores, que ainda não encontraram uma maneira de reparar os danos na medula. Os traumas comprometem toda a movimentação corporal, fazendo com que ocorra a perda dos movimentos do corpo.

Músculos, ossos e ligamentos protegem a medula espinhal, porém diversas causas podem danificar o tecido nervoso que percorre a coluna vertebral e causar problemas motores, ausência da sensibilidade e outras complicações. As causas mais comuns são as traumáticas, originadas em acidentes no trânsito, trabalho ou ocasionadas pela violência. Já as causas não traumáticas estão relacionadas com tumores ou por má formação congênita ainda no desenvolvimento da criança.

A prática da fisioterapia, natação e exercícios físicos de musculação são grandes aliados quando o assunto é o tratamento de lesões na medula, pois trazem ao paciente uma melhor mobilidade e o auxiliam a desenvolver novamente os movimentos. Foi esse objetivo que incentivou a professora Elaine Souto a criar o projeto ‘Condicionamento Físico e Esportes para Pessoas com Deficiência’, que é focado no tratamento de pessoas com lesão medular.

Mesmo com as complicações para se movimentar, ficar parado está totalmente fora dos planos de quem sofre com esse tipo de lesão. Pelo contrário, eles metem a mão na massa! “Eu tenho minha vida normal, sou casada, tenho dois filhos e levo minha vida como qualquer outra pessoa, apenas tenho um jeitinho diferente de andar”, relatou dona Josenilda, que sempre  carrega um belo sorriso no rosto.

Aos cinco anos de idade ela sofreu com a poliomielite, doença que fez com que ela não desenvolvesse o movimento das pernas e atrofiam dos músculos. Hoje, aos 50 anos, ela depende da cadeira de rodas para se locomover melhor. Residente na cidade de Bayeux, Josenilda participa do projeto há apenas três meses, mas já percebe uma melhora nos movimentos.  “É muito gratificante, pois movimentos que eu estava perdendo agora eu estou adquirindo novamente”.

Quem compartilha do mesmo sentimento é seu Josenildo Alves. O jeito irreverente e brincalhão do senhor de 48 anos que frequenta os treinos na academia traz também uma trajetória de diversas lutas. Ele sofreu um acidente no trabalho em 2005 e perdeu parte dos movimentos do corpo.

Beneficiado Josenildo Alves em atendimento - Foto: Allan Mitchell

 Após o acidente, ele fez sessões de fisioterapia e hidroterapia, mas não deu continuidade. Depois de um tempo parado o corpo começou a dar os primeiros sinais que precisava voltar a se exercitar. Foi aí que ele conheceu o projeto através de uma postagem no Instagram e logo se interessou.  Hoje ele compartilha do sentimento de gratidão em poder participar do do projeto.

 Quem também participa das atividades é Raphael Carvalho, de 28 anos. Em 2010 ele sofreu um acidente de carro que o deixou tetraplégico. Com o avanço do tratamento, Raphael pôde recuperar aos poucos os movimentos e hoje consegue, ainda que limitado a uma cadeira de rodas, realizar alguns movimentos nos braços e mãos. Uma conquista grande tendo em vista a gravidade da lesão que ele sofreu.

Funcionando no Centro de Ciências Médicas desde março deste ano, o projeto é também um campo de ensino dentro curso de Educação Física. Os alunos que participam do projeto falam com entusiasmo do aprendizado para a vida profissional. A equipe conta com a participação de uma bolsista e seis voluntários.

Raquel Barbosa, é bolsista e aluna do curso de Educação Física da UFPB, conta que a experiência estimula sua criatividade, pois no projeto ela atua em atividades que parecem simples, mas são desafios para quem tem uma lesão na medula. Ela destaca a evolução dos pacientes com o tratamento e salienta o quanto as atividades são enriquecedoras para os alunos. “É uma experiência muito rica porque todos os dias são um desafio, a gente encontra pessoas com diferentes jeitos, diferentes habilidades e também com diferentes dificuldades”. Contou a estudante.

 Willian Mendes atua como voluntário no projeto. Ele já havia trabalhando com pessoas com necessidades especiais em um estágio do curso, o que despertou nele o interesse em contribuir mais. Para o voluntário, essa é uma área da educação física que ainda sofre com um déficit de profissionais que atendam a essa população.

Ele não economiza elogios ao falar do projeto e da evolução conquistada: “eu só tenho elogios porque profissional melhor não teria para cá, o projeto é fantástico, acolhe todo mundo, tanto ela (Professora Elaine) quanto os alunos que estão com ela e tem sido muito bom para gente, dá para notar e evolução física na gente.”

O projeto funciona na academia do CCM, de terça à sexta-feira, das 13h30 ás 17h30. Atualmente existem vagas disponíveis, para participar basta entrar em contato com a professora ou com alguns dos alunos diretamente na academia dentro do horário dos treinos.

 

Por Allan Mitchell - Bolsista do Projeto Extra Muros (2019)