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Boletins epidemiológicos dos 12 municípios do Vale do Mamanguape deixaram de ser divulgados, diz relatório da UFPB

Suspensão é justificada pelas restrições impostas pelo período eleitoral
publicado: 20/10/2020 23h37, última modificação: 20/10/2020 23h49
Decretos estaduais atualizados, com o risco epidemiológico em cada município, referente à pandemia da covid-19, também não estão publicados nos sites de várias prefeituras do Litoral Norte. Foto: Google Street View/Reprodução/PortalCorreio

Decretos estaduais atualizados, com o risco epidemiológico em cada município, referente à pandemia da covid-19, também não estão publicados nos sites de várias prefeituras do Litoral Norte. Foto: Google Street View/Reprodução/PortalCorreio

Relatório do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Etnias e Economia Solidária (GEPeeeS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta impactos negativos do período eleitoral no enfrentamento da pandemia da covid-19 no Vale do Mamanguape, no Litoral Norte paraibano.

Na opinião do professor Paulo Roberto Palhano, que coordena a pesquisa, o efeito negativo mais grave da chegada do período eleitoral, foi a interrupção do fornecimento de boletins epidemiológicos, com o número de casos, de curados e de óbitos na região formada por 12 municípios, entre eles Rio Tinto e Mamanguape, onde está o campus IV da UFPB.

“Essa interrupção não contribui para a formação de uma conduta social da população, além de deixar a mídia sem informações reais e de prejudicar as pesquisas, porque não há dados atualizados. Sem esse canal de orientação diário, as pessoas vão achar que a pandemia não existe mais”, alerta o professor da UFPB.

Outro ponto destacado por Palhano é a falta de publicidade, nos sites de várias prefeituras do Vale, dos decretos estaduais atualizados, com a classificação que indica o risco epidemiológico em cada município.

Na maioria dos portais institucionais, a suspensão das divulgações é justificada pelas restrições impostas em virtude do período eleitoral, mas o professor da federal paraibana ressalta que essas restrições são relativas a divulgações que beneficiem os candidatos nesse período, a exemplo de inaugurações de obras, e não dizem respeito às informações sobre o enfrentamento da covid-19. 

Além do enfraquecimento da comunicação sobre a pandemia por parte das prefeituras, vários candidatos às eleições municipais têm realizado convenções – já que os comícios estão proibidos em virtude da pandemia – e outras atividades públicas que geram aglomerações, com eleitores sem uso de máscara de proteção e outros cuidados exaustivamente anunciados e presentes nos protocolos de segurança dos órgãos de saúde.

“Um parâmetro para saber se a candidatura está tendo aceitação é exatamente a aglomeração. Se há poucas pessoas nessas atividades, é como se não houvesse repercussão da candidatura, então esses políticos não vão fazer discurso para que as pessoas fiquem em casa”, avalia Palhano. 

Sobre a falta de unidade nas ações de enfrentamento da pandemia nos municípios que compõem o Vale do Mamanguape, o pesquisador adverte: “Não adianta um município ou dois seguirem os protocolos, porque o Vale do Mamanguape é um território de livre circulação. As medidas têm que ser unificadas para que essas populações estejam protegidas”, conclui.

De acordo com o 11º Relatório da Pesquisa de Monitoramento da Pandemia da Covid - 19 na territorialidade do Vale do Mamanguape Paraibano, elaborado pelo grupo da UFPB, apesar do declínio do número de infecções, a pandemia ainda está presente de forma significativa na região: 303 casos suspeitos em análise e 673 casos ativos de covid-19.

Desde maio deste ano, já foram registrados 6.730 casos confirmados, com 5.979 curados e 108 óbitos no Vale do Mamanguape. Esses números são baseados nos dados oficiais fornecidos pelas secretarias de saúde municipais e estadual em 10 de setembro.

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Reportagem: Milena Dantas | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB