Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > Confiança em profissionais de saúde pode diminuir impactos à saúde mental na pandemia, diz estudo da UFPB
conteúdo

Notícias

Confiança em profissionais de saúde pode diminuir impactos à saúde mental na pandemia, diz estudo da UFPB

publicado: 27/05/2021 17h33, última modificação: 27/05/2021 19h50
Pesquisa é a primeira no Brasil a observar efeitos da informação e da confiança em aspectos psicológicos

Foto: Angélica Gouveia

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) constataram que confiar nos profissionais de saúde pode ajudar a população a evitar impactos negativos na saúde mental, assim como ter acesso à informação de qualidade sobre o Sars-CoV-2.

O artigo “Psicologia da pandemia: informação, confiança e afetos durante o enfrentamento da Covid-19” foi produzido por pesquisadores do Laboratório de Psicologia da Mídiado Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), do Campus I, em João Pessoa.

O estudo foi realizado pela mestranda Isabella Leandra Silva, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social (PPGPS) da UFPBque é coordenado pela Profa. Patrícia Nunes da Fonseca. A pesquisa de Isabella Leandra Silva, realizada sob orientação do Prof. da UFPB Carlos Eduardo Pimentel colaboração do Prof. Tailson Evangelista Mariano, que é docente na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), é pioneira no Brasil.

levantamento teve a participação de 210 pessoas de todas as regiões brasileiras. De acordo com Isabella Leandra, a frequência com que uma pessoa é informada sobre a Covid-19 não é o suficiente para garantir a qualidade dessa informação ou dos sentimentos positivos vivenciados.

Essa relação só existe quando se considera a confiança de que a área da saúde enfrentará a pandemia de maneira adequada. Assim, quanto maior a confiança na saúde, mais intensos são os sentimentos positivos e mais as informações acessadas pelos sujeitos têm qualidade e embasamento científico”, assegurou Isabella.

O trabalho científico também mostrou que quanto mais jovem for a pessoa, mais ela confia na mídia e em outros serviços no manejo da pandemia. Eles também relataram que acreditam menos na capacidade das instituições governamentais de gerenciar o combate ao vírus.

Os jovens têm convicção de que o sistema de saúde está atuando bem para evitar as consequências da doença. Dessa forma, há uma probabilidade menor de impactos no bem-estar”, contou a pesquisadora.

A autora da pesquisa ainda ressaltou que uma explicação possível para isso é a relação direta entre informação, confiança e sentimentos positivos. “Em cenários em que a população não confia no sistema de saúde, é menos provável que haja a procura por ele, mesmo em situações de crise. Então, mesmo que uma pessoa se informe frequentemente, ela só experienciará sentimentos positivos se souber que pode contar com estes profissionais”, enfatizou.

Para o Prof. Carlos Eduardo Pimentel, esse trabalho é importante e crucial devido ao momento em que vivemos. “Ele mostra como as informações relacionadas ao coronavírus se relacionam com o bem-estar subjetivo das pessoas. Portanto, é fundamental um sistema de informações adequadas e sem fake news”, diz o professor.

A pesquisa foi realizada no início da pandemia no Brasil, logo que as medidas de distanciamento começaram a aumentar no país. Conforme Isabella, apesar de ser um estudo correlacional que teve como limitação a amostragem por conveniência, foi o primeiro estudo brasileiro a observar os impactos conjuntos da informação e da confiança em aspectos psicológicos.

A coleta de dados foi realizada exclusivamente no ambiente virtual, por meio de formulário compartilhado nas redes sociais digitais (Facebook, Instagram e WhatsApp).

O questionário ficou disponível entre os dias 10 e 20 de abril de 2020. Nele, foi utilizada a Escala de Afetos Positivos e Negativos (PANAS), que consiste em 20 adjetivos que descrevem sentimentos e emoções.

Conforme a pesquisa, além da Covid-19, vive-se no Brasil uma “pandemia de informações”, não só no sentido de quantidade quanto de qualidade. “A confiança que as pessoas tinham nos mais diversos ‘personagens’ do cenário pandêmico parecia influenciar a opinião do público”, explicou Isabella.

A base teórica e resultados secundários foram utilizados no capítulo de livro "Saúde na Era da informação: Covid-19, acesso à informação e saúde mental", que foi publicado em 2020 e está disponível online gratuitamente para leitura, neste link.

O trabalho científico foi publicado na revista Estudos em Psicologia (Natal), por meio da plataforma Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), no dossiê dedicado a publicações acerca do novo coronavírus.

* * *
Reportagem: Carlos Germano
Edição: Aline Lins
Foto: Angélica Gouveia