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Estudante da UFPB desenvolve app para avaliar sintomas de depressão, ansiedade e transtorno afetivo bipolar

publicado: 13/10/2022 12h52, última modificação: 13/10/2022 12h53
Software tem agilizado atendimento na Farmácia-escola da UFPB, em João Pessoa

Foto: Katemangostar/Freepik

O estudante do curso de Farmácia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Alisson Daniel desenvolveu um aplicativo para registro e avaliação dos sintomas de depressão, de ansiedade e de transtorno afetivo bipolar. O software, além de organizar o serviço de saúde, tem agilizado o atendimento na Farmácia-escola da Universidade, no Centro de Vivência, no campus I, em João Pessoa.

Antes, eram usados papel e caneta para coletar dados sobre como os pacientes estavam se sentindo. Com a pandemia de Covid-19 em 2020, esse trabalho passou a ser realizado pelo Google Forms, aplicativo de gerenciamento de pesquisas lançado pela Google. Só que a ferramenta não tem a funcionalidade de fazer o somatório dos escores dos testes psiquiátricos PHQ-9, BAI, ARMS e BMQ.

“Por vezes, a soma saía errada e os próprios estagiários tinham que somá-los e conferir o resultado. Com o software, as respostas são automatizadas e ficam dispostas em uma interface amigável e de fácil manuseio. Os dados são enviados automaticamente para o dashboard [painel de interface gráfica que fornece visualização rápida de indicadores] do psiquiatra e farmacêuticos da farmácia-escola”, explica Alisson Daniel.

De acordo com Walleri Reis, vice-coordenadora da Farmácia-escola e coordenadora do Ambulatório de cuidado farmacêutico e interprofissional do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB, o app é um produto do projeto de extensão “Ambulatório de Cuidado Farmacêutico da Universidade Federal da Paraíba ANO III”. “O aluno apresenta competências na área de programação e cursa Farmácia”, justifica a vice-coordenadora.

Segundo ela, os escores psicométricos são úteis para rastreio e acompanhamento das condições dos pacientes. “O app permite armazenamento de dados consulta a consulta, o que facilita a avaliação clínica através das teleconsultas”, afirma Walleri Reis.

No âmbito do serviço de cuidado interprofissional, com gestão dos casos por farmacêuticos, ao longo dos quatro anos de funcionamento da Farmácia-escola da UFPB, foram atendidos mais de 500 pacientes e realizadas mais de mil consultas. Apenas no período de setembro de 2020 a julho de 2021, foram atendidos 118 pacientes e ocorreram mais de 500 consultas. Dos 118 pacientes, 81 eram mulheres (68,6%) e 37, homens (31,4%). A média de idade foi de 26,5 anos e os transtornos mentais prevalentes foram a ansiedade (81,4%) e a depressão (80,5%), enquanto o número médio de consultas foi de quatro por paciente.

“Esses pacientes melhoraram significativamente em sinais/sintomas relacionados à depressão e à ansiedade. Isso foi constatado através da mudança em pontuações das escalas psicométricas. Vale ressaltar que o serviço também apresentou impacto significativo na diminuição do uso irracional de benzodiazepínicos [fármacos psicotrópicos], que foi de 17,5% para 10,4%”, destaca Walleri Reis.

A vice-coordenadora pontua que o desenvolvimento do aplicativo teve apoio financeiro da UFPB e que artigo acerca da criação do software está sendo elaborado. “O serviço de cuidado da Farmácia-escola teve seus resultados amplamente divulgados pela mídia e em periódicos nacionais e internacionais. O software web poderá ser patenteado junto ao Inpi [Instituto Nacional da Propriedade Industrial], a fim de proteger sua arquitetura e lógica”.

A Farmácia-escola da UFPB é vinculada ao Departamento de Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde (CCS), presta serviço à comunidade universitária por meio do fornecimento de medicamentos e de cuidado farmacêutico e interprofissional voltado a doenças crônicas e transtornos mentais. O espaço também é cenário de formação de estudantes do curso de Farmácia, de projetos de extensão e de pesquisas.

Também atuam na Farmácia-escola da UFPB João Vianney Pereira, coordenador da unidade; os profissionais Thais de Souza, Ernani de Vasconcelos Filho, Thamara Matos, Camila de Paula, Maria Auri de Lima e Maria José Brito; Vinícius Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná (UFPA); um psicólogo, dois enfermeiros, estudantes de pós-graduação e mais de 20 da graduação em Farmácia, dois de Medicina e alunos de faculdades parceiras.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: Katemangostar/Freepik