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Estudante da UFPB expõe racismo estrutural em documentário

Curta-metragem foi selecionado para mostra especial do Fest Aruanda
publicado: 26/11/2019 19h01, última modificação: 27/11/2019 01h41
Carine Fiúza pesquisa a pessoa negra no cinema paraibano. Crédito: Divulgação

Carine Fiúza pesquisa a pessoa negra no cinema paraibano. Crédito: Divulgação

A radialista e mestranda em Comunicação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Carine Fiúza expõe o racismo estrutural da sociedade brasileira no documentário Odò Pupa, Lugar de Resistência (2018).

O curta-metragem será exibido na Mostra Paraíba, feminina! Mulheres com câmera na mão!, no dia 4 de dezembro, dentro da programação do 14º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro.

No filme, a cineasta apresenta seu ponto de vista sobre a estruturação do racismo na formação política, social e cultural do Brasil, a partir das histórias de dois jovens negros que, na contramão das estatísticas e dos estereótipos, travam batalhas diárias pela sua sobrevivência marcada por experiências institucionais, históricas, culturais e interpessoais racistas.

"Odò Pupa, em yorubá, idioma da família linguística nígero-congolesa, significa Rio Vermelho, bairro soteropolitano no qual a história se desenrola", explica Carine Fiúza.

Ao partir de uma visão pontual para abordar um tema mais amplo, o documentário correlaciona dados estatísticos à história de vida dos dois jovens negros. Como exemplo, Carine destaca, no curta, que até 2016, o número de mulheres negras dirigindo filmes não chegava a 1% do total.

Além da discriminação racial, o documentário mostra as dificuldades de acesso à educação e emprego, por exemplo, além de explicitar a violência contra os negros, lançando um olhar sobre os motivos pelos quais estão morrendo.

Conforme mostra o filme, em pesquisa realizada em mais de 500 empresas brasileiras, verificou-se que negros ocupam apenas 6% dos cargos de gerência e menos de 5% de direção ou presidência.

Para o produtor-executivo do Fest Aruanda e professor da UFPB Lúcio Vilar, Odò Pupa, Lugar de Resistência é um documentário necessário, com um tema que está na ordem do dia.

“Além do assunto, que é muito pertinente a este momento, tem uma estética diferenciada, uma narrativa que chama atenção, por isso que gerou esse reconhecimento”, avalia.

Além da direção, Carine é responsável pelo roteiro e produção. Ela, além de ter sido selecionada recentemente para o curso de mestrado do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB, faz parte da União de Mulheres do Audiovisual Paraibano (UMA-PB) e da Associação de Profissionais Negros do Audiovisual (APAN).

A Mostra Paraíba, feminina! Mulheres com câmera na mão! será composta de filmes feitos por mulheres paraibanas e terá início às 14h, na sala 2 do Cinépolis, no Manaíra Shopping, em João Pessoa. O Fest Aruanda começa nesta quinta (28) e segue até o dia 5 de dezembro.

Confira, abaixo, a ficha técnica do documentário Odò pupa, lugar de resistência:

Sinopse: A fala, a imagem e as estatísticas tudo comunica, mas pra quem se vocês dão as costas para os motivos pelos quais nossos filhos estão morrendo? Odò Pupa, rio vermelho que flui para Atlântico e testemunha nossa diáspora.

Gênero: Documentário

Duração: 13’45”

Cor: Colorido

Estado: BA

Direção, roteiro e produção: Carine Fiúza

Direção de fotografia: Marcelo Quixaba

Montagem: Sérgio Ferro e Carine Fiúza

Mixagem de som: Bruno Alves

Finalização: Fábio Lima

Música: Andar com fé (Rincon Sapiência)

Design: Thiago Costa e Marcelo Rodrigues

Mostras e festivais de que participou: Canal Futura, 2018/2019; TV Globo, 2019; 3º Mostra do audiovisual negro - SP/2018; Mostra lugar de mulher é no cinema – BA/ 2019; II Festival Mimoso de Cinema – BA/2019; 4º Egbé Mostra de cinema negro – SE/2019; V Cine Jardim (Melhor filme – júri popular / Melhor direção – Júri Oficial); Encontro Cinema Negro Zozimo Bulbul 2019; Mostra SESC de culturas - Cariri 2019; 3º Mostra do filme Marginal 2019; 2ª Mostra Negritude Infinita; II Mostra Itinerante de Cinemas Negros – Mahomed Bamba; III Mostra Competitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio.

Ascom/UFPB