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Estudante do EAD de Letras da UFPB se torna doutora

Aluna e orientador destacam o apoio à pesquisa em todos os níveis do Ensino Superior
publicado: 21/10/2019 19h58, última modificação: 21/10/2019 20h02
Tese foi defendida há um mês, em João Pessoa. Crédito: Divulgação

Tese foi defendida há um mês, em João Pessoa. Crédito: Divulgação

A professora baiana Antonia Simões, 38 anos, é a primeira egressa da Licenciatura em Letras, na modalidade do Ensino à Distância (EAD), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a se tornar doutora, ao defender a tese A influência dos conectivos no processamento de períodos no português brasileiro, orientada pelo professor Márcio Leitão.

Ela concluiu o nível máximo do Ensino Superior há um mês, pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística (Proling) da instituição paraibana, único com nota 6,0 na área, no Norte-Nordeste, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

“Minha primeira graduação foi em Contábeis, pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Como havia passado pelo ensino presencial, sabia que essa modalidade não me permitiria estudar naquele momento de minha vida. Mas o EAD possibilitaria estudar em horários alternados, mais flexíveis, por isso optei por ele. Ingressei em 2007, no Polo Camaçari, na Bahia”, conta a pesquisadora.

Para ela, entre as principais facilidades que a modalidade EAD oferece, estão a autonomia e flexibilidade de horários. “A possibilidade de estudar em horários alternativos facilita a vida de um estudante que precisa trabalhar, por exemplo. A agenda de estudos é organizada por ele mesmo. É possível, também, que a falta de contato presencial com o professor proporcione uma maior iniciativa frente às dúvidas”.

Tamanha liberdade nem sempre é uma vantagem. Durante o curso, Antonia Simões acessava a plataforma Moodle todos os dias, porque era algo que dava a ela a sensação de continuidade e integração nos estudos. “Também é preciso não cair na armadilha do silêncio virtual, que pode oferecer uma falsa sensação de participação, quando, na verdade, você pode se tornar um mero espectador dos acontecimentos”, alerta.

De acordo com Simões, é necessário escrever, participar, ser sujeito ativo no processo de construção do conhecimento. “Os fóruns nas plataformas virtuais são uma excelente maneira de tirar dúvidas, de expor pontos de vista, de entender outros olhares, de criar redes de aprendizagem”.

Apesar de todas as facilidades proporcionadas pelas tecnologias, ela continua reiterando sobre a importância da interação face a face. “No EAD, havia encontros presencias em que pude conhecer pessoalmente os professores e professoras e estes momentos eram muito proveitosos. Fiz amigos e amigas com os quais tenho contato até hoje”.

Simões salienta que não há distinção entre o diploma do ensino presencial e do à distância. “O fato de ser mestra e doutora em Linguística e de ter vindo do EAD mostra o quanto essa modalidade tem qualidade. Por isso, espero ter contribuído para que mais graduandos do EAD se sintam confiantes para enfrentarem seleções de mestrado e de doutorado em universidades públicas”.

Na avaliação da pesquisadora, três aspectos foram importantes para  conseguir o título de doutora em Linguística pela UFPB. “Primeiro, o time de professores de Letras Virtual da UFPB é excepcional. Também sou fruto do comprometimento do docente Márcio Leitão com a pesquisa. Foi ele quem aventou a possibilidade de iniciação científica É importante que o aluno à distância saiba que pode ser pesquisador. Outro fator relevante é a bolsa de estudos. Só fui à João Pessoa para fazer mestrado e doutorado porque tive bolsa”. 

Na avaliação da Antonia Simões, é preciso recursos para incentivar pesquisa, seminários, congressos. Ela encara o EAD como um compromisso social. “É a possibilidade de levar uma educação de qualidade para quem não tem condições de ir à universidade por diversos motivos. Fui tutora no EAD durante os anos do mestrado. Conheci lugares pequenos na Paraíba. Pude perceber a importância do EAD para outros estudantes, a maioria professores da Educação Básica”.

Contudo, para a hoje professora, o EAD não culminará na extinção do ensino presencial. “Existem laboratórios, grupos de estudos, de pesquisa, hospitais, atendimento de diversas formas à população que são realizados em ambientes universitários. O ideal é somar formas e forças, sempre priorizando o acesso à educação, a fim de contribuir para a diminuição da desigualdade social que cada vez mais cresce no nosso país”.

O professor Márcio Leitão considera que a história e o percurso da Antonia mostra o quanto o projeto do EAD e da Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa articulador entre governo federal e entes federativos que apoia o EAD, podem impactar na formação de novos pesquisadores, a partir dos cursos que são oferecidos e também o quanto os programas de bolsas, desde a iniciação científica até o doutorado, fazem a diferença, já que Antonia Simões foi bolsista em todos os níveis.

“Espero que muitos outros alunos sigam percursos semelhantes ao de Antonia e que, na conjuntura atual, ainda haja possibilidades para que novos talentos e pesquisadores surjam e sejam adequadamente formados em uma universidade pública e de qualidade”, conclui.

Ascom/UFPB