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Universitário adulto busca autorrealização, diz estudo da UFPB

Número de alunos com mais de 30 anos aumentou 50,1% na federal paraibana, entre 2009 e 2016
publicado: 04/03/2020 18h27, última modificação: 04/03/2020 21h47
Sondagem foi realizada com cerca de 200 estudantes do campus I, em João Pessoa. Foto: Angélica Gouveia

Sondagem foi realizada com cerca de 200 estudantes do campus I, em João Pessoa. Foto: Angélica Gouveia

A pesquisa “Motivações e expectativas de estudantes adultos que ingressaram na UFPB”, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que pessoas adultas – com idade igual ou superior a 30 anos – buscam obter mais formações acadêmicas para aprofundar a capacidade intelectual, desenvolver habilidades, realizar sonho e aumentar a autoestima. Realizado pela pesquisadora Shirleide Karla de Oliveira, o estudo foi feito com 194 estudantes, do campus I da UFPB, em João Pessoa.

De acordo com a pesquisadora, o número de estudantes adultos matriculados nos cursos de graduação da UFPB aumentou 50,1% entre 2009 e 2016: de 4.733 para 7.105 estudantes.

“A presença de adultos nas universidades brasileiras se mostra como uma tendência ascendente. Sobretudo, na primeira década do século XXI, com a implementação do Programa Expandir (2003), do Reuni – Restruturação e Expansão das Universidades Federais (2007), da Lei de Cotas (2012) e do Sisu – Sistema de Seleção Unificada (2012)”, destaca Karla.

Conforme os dados do Censo da Educação Superior, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de estudantes adultos matriculados nos cursos de graduação teve aumento de 56,9% no período de 2009 a 2016: de 130.731 para 205.099 alunos.

Esse crescimento da população universitária adulta, afirma a pesquisadora, relaciona-se diretamente com a criação de novas vagas, a expansão do turno noturno, do ensino a distância, além da diversificação dos cursos de graduação.

“Identificamos maior concentração de adultos nas áreas de Ciências Humanas e Sociais (75,7%) e menor em Ciências Biológicas e da Saúde (9,1%). A maior presença foi nos cursos de Ciências da Religião (68%), Regência de Bandas e Fanfarras (65,4%) e Música Popular (52,6%). Já a menor, se deu em Engenharia Química (2%), Química Industrial (2,7%) e Engenharia da Computação (3,8%)”, distingue.

A explicação para a predominância desses cursos, segundo a pesquisa de Karla, seriam o interesse pessoal e a amplitude de pensamentos. “A principal resposta foi ‘sempre me interessei pelo curso/assunto’ (49,7%). Acreditamos que os adultos preferem as Ciências Humanas e Sociais por elas oferecerem conhecimentos mais amplos do que as Ciências Exatas, Naturais, Tecnologia, Engenharias, Ciências Biológicas e da Saúde”, endossa.

Perfil

No que se refere às particularidades dos alunos da pesquisa, Karla conta que a maior faixa etária (43,8%) foi de 30 a 39 anos, 54,2% dos estudantes eram casados, já inseridos no mercado de trabalho (73,1%) e tinham o funcionalismo público como o principal setor de atuação profissional (39,3%).

Quanto ao nível de escolaridade, a pesquisadora salienta que “um considerável segmento já possuía, ao menos, uma graduação e estavam cursando outro curso de mesmo nível acadêmico”. No entanto, “56,4% dos estudantes adultos estavam cursando sua primeira graduação e a maioria (52%), que trabalhava durante o dia, estudava à noite”.

Para Shirleide Karla de Oliveira, “é comum esses perfis de estudantes enfrentarem dificuldades de diversos tipos, sobretudo a falta de tempo por ter que conciliar trabalho e estudo”. Como consequência, “eles vivenciam, durante a formação superior, reprovações (35,4%) e trancamentos de disciplinas (32,3%)”, acrescenta.

Expectativas

Sobre as expectativas dos estudantes adultos com a formação superior, a pesquisadora identificou que, mesmo a principal sendo o desenvolvimento intelectual, estímulos sociais e profissionais foram apontados. “Percebemos maior expressividade das expectativas referentes à autorrealização. Formar-se como cidadão, ajudar a comunidade e qualificar-se profissionalmente eram distinguidas nas possibilidades”, acentua.

A pesquisa de Karla sustenta ainda que, para atender os estudantes adultos, as universidades poderiam atuar “possibilitando uma intervenção capaz de satisfazer as necessidades deles e promover atividades extracurriculares focadas no desenvolvimento de habilidades socioeducacionais e socioemocionais”.

Afinal, sob o ponto de vista da pesquisadora, a elevação do nível intelectual da população adulta pode contribuir para “maior coesão social, minimização de desigualdades sociais e o desenvolvimento geral da sociedade”.

Jonas Lucas Vieira | Ascom/UFPB