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Estudo da UFPB recruta voluntários com doença arterial obstrutiva periférica para tratamento experimental

publicado: 03/04/2023 18h15, última modificação: 03/04/2023 18h25
Terapia com estimulação transcraniana e exercícios físicos pode melhorar qualidade de vida dos pacientes

Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está recrutando voluntários com doença arterial obstrutiva periférica, distúrbio da circulação do sangue nas pernas que pode provocar dor ao caminhar, para tratamento experimental. A terapia-piloto, com uso de estimulação transcraniana por corrente contínua de alta definição (HD-tDCS), associada a exercícios físicos, tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

“A doença arterial obstrutiva periférica é o bloqueio ou estreitamento de uma ou mais artérias dos membros inferiores, devido a um processo aterosclerótico (acúmulo de gordura, cálcio e outros elementos na parede da artéria), que prejudica a passagem de sangue para a extremidade do membro. Esse estudo faz parte de uma pesquisa de mestrado que tem como objetivo potencializar, com a estimulação transcraniana, os efeitos do exercício na circulação do paciente com doença arterial obstrutiva periférica”, explica Rafaela Pedrosa, professora e pesquisadora do Departamento de Fisioterapia da UFPB e coordenadora do trabalho.

Podem participar da pesquisa pessoas com mais de 18 anos que tenham doença arterial  obstrutiva periférica e que apresentem claudicação intermitente, ou seja, que sintam dor na região posterior da perna ao andar ou correr. Os voluntários devem entrar em contato com a equipe de pesquisadores por meio de um destes telefones: (83) 99662.1472/988883.6754/98887.7610/99816.8944. O tratamento fisioterapêutico terá duração de seis semanas, sendo duas sessões por semana.

O estudo já foi aprovado por comitê de ética. Segundo a professora Rafaela Pedrosa, a pesquisa está recrutando voluntários para que um maior número de pessoas possa realizar esse tratamento. Segundo ela, voluntários que já iniciaram o tratamento experimental relatam diminuição das dores na perna ao caminhar e maior capacidade para fazer atividades diárias. “Nossa intenção é que a estimulação melhore o fluxo sanguíneo arterial e o metabolismo muscular; que o músculo consiga utilizar o pouco oxigênio disponível, devido à obstrução arterial, com maior efetividade”.

As pessoas com doença arterial obstrutiva periférica têm maior risco de necessitarem de amputação do membro inferior, em razão da isquemia que ocorre no membro. A coordenadora da pesquisa esclarece que o intuito da pesquisa é diminuir esse risco. “Para isso estamos buscando protocolos que possam melhorar o funcionamento da musculatura que está em isquemia, diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo arterial”, complementa.

A musculatura em questão é a da panturrilha, chamada de tríceps sural. Os pesquisadores da UFPB esperam que a estimulação transcraniana potencialize o efeito dos exercícios na musculatura isquêmica, aumentando a capacidade funcional do paciente, com diminuição da dor ao andar ou correr, melhorando sua qualidade de vida e facilitando a realização de suas atividades diárias. 

A estimulação transcraniana por corrente contínua de alta definição é uma técnica de estimulação cerebral não invasiva, capaz de modificar o potencial de repouso da membrana neuronal e o nível de disparo espontâneo da área estimulada, por meio de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo do paciente.

Os exercícios físicos que fazem parte do  protocolo são aeróbicos, que imitam o movimento de uma bicicleta. São realizados com auxílio de um cicloergômetro passivo, aparelho estacionário que permite rotações cíclicas. Não é necessário que o paciente faça esforço. Esses exercícios aeróbicos, dentre outros benefícios, são capazes de aumentar o condicionamento cardiorrespiratório, mantêm a mobilidade do indivíduo e aumentam o fluxo sanguíneo para todas as partes do corpo.

Em um ensaio clínico randomizado controlado como esse, os pacientes são alocados em dois grupos de forma aleatória. Enquanto um grupo passa pelo tratamento experimental, o outro, de controle, vivencia alguma terapia já consagrada. Tanto os voluntários quanto os pesquisadores não têm acesso a essas informações durante os testes, para evitar qualquer tipo de influência no resultado do estudo.

A pesquisa teve início em fevereiro deste ano, no Laboratório de Fisioterapia em Pesquisa Cardiorrespiratória (Lafipcare), no bloco da Pós-graduação em Fisioterapia, no campus I, em João Pessoa. E conta com a parceria da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Na área de Fisioterapia da UFPB, também participam do estudo os professores e pesquisadores Eduardo França, José Heriston Lima e Suellen Andrade; a mestranda Mariama Carvalho; e os estudantes de graduação Luana Melo, Amanda Batista, Laura Nascimento, Gabriele Dantas e Leila Braga.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Fotos: Arquivos pessoais de Rafaela Pedrosa
Ascom/UFPB