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Laboratório da UFPB identifica primeiro caso de reinfecção por covid-19 no país

As duas coletas foram realizadas no hospital universitário da federal paraibana
publicado: 17/12/2020 10h40, última modificação: 17/12/2020 10h55
O professor João Felipe Bezerra coordena o Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada (Lavimap) da UFPB, responsável pela coleta e análise das amostras que confirmaram a reinfecção. Foto: Romero Vasconcelos

O professor João Felipe Bezerra coordena o Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada (Lavimap) da UFPB, responsável pela coleta e análise das amostras que confirmaram a reinfecção. Foto: Romero Vasconcelos

O Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada (Lavimap) da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no  campus I, em João Pessoa, identificou o primeiro caso de reinfecção por covid-19 no país, no dia 9 de dezembro.

O caso confirmado é de uma paciente do sexo feminino, profissional da saúde e sem comorbidades preexistentes. A primeira coleta foi em junho e a segunda em outubro, em um intervalo de 116 dias.

As  duas coletas foram realizadas no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), administrado pela UFPB, no campus I, em João Pessoa. Nas duas infecções, a paciente teve sintomas leves da doença.

A análise do Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada (Lavimap) da UFPB, que trabalha em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen-PB), confirmou a reinfecção após sequenciamento do genoma completo viral com linhagens distintas, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.

O caso confirmado não está incluso entre os casos da Paraíba, uma vez que a paciente reside no Rio Grande do Norte, estado vizinho. De acordo com o Governo do Estado da Paraíba, até o momento, a Paraíba possui um total de 16 possíveis casos de reinfecção em investigação. Das amostras recebidas, oito já foram analisadas e enviadas para a Fiocruz.

“Executamos de forma direta e exclusiva as análises das amostras do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). Assim que a vigilância epidemiológica da Paraíba identificou o primeiro caso suspeito, fizemos a coleta e a análise”, conta o professor João Felipe Bezerra, coordenador do Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada (Lavimap)  da UFPB. 

O docente da federal paraibana explica que o material foi encaminhado para o Lacen-PB, que o enviou para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, a fim de que fosse realizado o sequenciamento do genoma completo viral, para confirmar a reinfecção. 

“Sou colaborador de um projeto de pesquisa com a Fiocruz-RJ. Fiz contato com os pesquisadores sobre esse caso. Assim, foi dado prioridade a essa análise de sequenciamento, tendo a confirmação em um tempo mais curto”, relata o professor João Felipe Bezerra. 

Segundo o docente da UFPB, a reinfecção ocorre porque, na primeira infecção, a pessoa não desenvolve os anticorpos IgG (imunoglobulina G). “Isso aí é o que mais queremos entender no momento”.

Critérios de definição

Em um artigo publicado em 3 de fevereiro deste ano, a Fiocruz esclarece que existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (IgM, IgG, IgE, IgA e IgD). As três imunoglobulinas investigadas com maior frequência em exames são as IgM, IgG e IgE. 

Conforme a fundação, os anticorpos IgM e IgG têm ação conjunta na proteção imediata e a longo prazo contra infecções. Já os anticorpos IgE estão associados a alergias. 

Um resultado positivo para IgG pode indicar que a pessoa está na fase crônica e/ou convalescente ou já teve contato com a doença em algum momento da vida e, portanto, para algumas doenças, esses anticorpos funcionam como uma proteção em caso de novo contato com o microrganismo. 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) da Paraíba divulgou nota técnica em outubro, com diretrizes do Ministério da Saúde que orientam os profissionais de saúde sobre os critérios de definição de caso suspeito de reinfecção pelo novo coronavírus (SARS CoV-2), que causa a infecção conhecida como covid-19. 

A definição de caso suspeito de reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2 deve se dar quando um indivíduo apresentar dois resultados positivos de RT-PCR em tempo real para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias, entre os dois episódios de infecção respiratória, independente da condição clínica observada nos dois episódios. O exame RT-PCR (do inglês reverse-transcriptase polymerase chain reaction) é considerado o padrão-ouro no diagnóstico da covid-19. 

Nesta quarta (16), a Paraíba registrou 1.388 novos casos de covid-19 e 18 óbitos confirmados desde a última atualização, dez deles ocorridos nas últimas 24 horas. Até o momento, 156.122 pessoas já contraíram a doença, 121.400 já se recuperaram e 3.487, infelizmente, faleceram. 

Em atualização de cinco horas atrás, Wikipédia e JHU CSSE COVID-19 Data informam que já são 7.040.608 casos confirmados e 183.735 mortes por covid-19 no Brasil. No mundo, respectivamente, 74.248.878 casos confirmados e 1.649.480 mortes provocadas pelo novo coronavírus.

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB