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Mais de 400 indígenas já testaram positivo para Covid-19 na Paraíba, diz boletim da UFPB

Há casos confirmados entre os índios potiguaras, tabajaras e os waraos, que são refugiados
publicado: 16/07/2020 21h03, última modificação: 16/07/2020 21h04
Observatório Antropológico da UFPB relata dificuldades para monitoramento. Grupo desenvolveu metodologia própria para acompanhar os casos. Crédito: Observatório Antropológico da UFPB

Observatório Antropológico da UFPB relata dificuldades para monitoramento. Grupo desenvolveu metodologia própria para acompanhar os casos. Crédito: Observatório Antropológico da UFPB

Mais de 400 indígenas já testaram positivo para Covid-19 na Paraíba, segundo o 8º Boletim do Observatório Antropológico da federal paraibana, publicado nesta quarta-feira (15).

De acordo com o documento, 243 potiguaras foram infectados, 201 nas aldeias e 42 nas áreas urbanas, nos limites dos municípios de Rio Tinto, Baía da Traição e Marcação, nas Terras Indígenas Potiguara, Jacaré de São Domingos e Potiguara de Monte-Mor, no Litoral Norte paraibano.

Além desses, existem mais 146 não-indígenas residentes nas aldeias confirmados, a maior parte na aldeia Monte-Mór. Até agora, na região, morreram de Covid-19 dois indígenas, uma mulher potiguara e um homem xukuru, e mais dois não-indígenas.

Conforme o Boletim do Observatório Antropológico da UFPB, 65 indígenas se recuperam da Codiv-19, no Litoral Norte. Esses dados são fundamentado nos boletins das Prefeituras de Marcação, Rio Tinto e Baía da Traição e no do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Potiguara, até 10 de julho; e no informativo potiguara sobre a Covid-19 de 12 de julho.

O 8º Boletim do Observatório Antropológico da federal paraibana também afirma que existe uma grande dificuldade para confirmar o número de casos confirmados entre os indígenas tabajaras, que ocupam a Barra de Gramame, Jacumã e periferia do Conde, município na Grande João Pessoa.

Até agora, são dez casos notificados no Conde, com testagem positiva para metade desses e um óbito de uma senhora idosa identificado após seu falecimento. Também há o registro de três tabajaras infectados e de um caso suspeito em João Pessoa e mais dois suspeitos em Bayeux, também na Região Metropolitana. Os casos suspeitos mais antigos encontram-se recuperados, sem que tenham sido testados, segundo informações repassadas por lideranças indígenas, até 13 de julho.

Com relação ao povo warao, etnia indígena que habita o nordeste da Venezuela e norte das guianas ocidentais e que hoje tem alguns refugiados no Brasil, 68 deles tiveram confirmação clínica da Covid-19, em João Pessoa, e já estão recuperados.

Em Campina Grande, no Agreste paraibano, foi registrado o primeiro caso confirmado para indígena warao. Segundo 8º Boletim do Observatório Antropológico da UFPB, com auxílio da Rede Povos da Terra, 57 waraos vivem hoje Rainha da Borborema.

Em nota metodológica, o Observatório Antropológico da UFPB afirma que, como prefeituras e DSEIs possuem recortes territoriais e operacionais distintos, foram elaboradas categorias descritivas e analíticas próprias. “Isso é necessário pois os contextos indígenas são plurais, heterogêneos e complexos, inexistindo na vida cotidiana separações rígidas entre áreas urbanas, rurais e aldeias em cada contexto indígena”, diz a nota.

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB