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Música intensa pode afetar a saúde mental, diz estudo com participação da UFPB

Preferência por heavy metal, punk e rock eleva nível de depressão, estresse e ansiedade
publicado: 16/10/2020 20h10, última modificação: 16/10/2020 20h10
O estudo, com participação de pesquisador da UFPB, foi realizado no ano passado, com 268 usuários da internet, com idade entre 18 a 63 anos, que consomem música intensa. Foto: Autor Desconhecido

O estudo, com participação de pesquisador da UFPB, foi realizado no ano passado, com 268 usuários da internet, com idade entre 18 a 63 anos, que consomem música intensa. Foto: Autor Desconhecido

Diversas pesquisas científicas já comprovaram os benefícios da música para a diminuição dos níveis de ansiedade. Mas isso se aplica a gêneros musicais como o heavy metal, o punk e o rock?

Para perceber qual o efeito desses gostos musicais na saúde mental, foi realizado o estudo Indirect effects of preference for intense music on mental health through positive and negative affect (Efeitos indiretos da preferência por música intensa na saúde mental), publicado este mês na revista Psychology of Music.

Um dos autores é o coordenador do Laboratório de Psicologia da Mídia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Carlos Pimentel, que pesquisa, há quase duas décadas, a música na Psicologia, abordando, por exemplo, temas como o enfrentamento do estresse por meio da música.

O público-alvo da pesquisa, realizada no ano passado, foram usuários da internet, com aplicação de questionários em redes sociais a 268 participantes na faixa etária de 18 a 63 anos.

Eles responderam perguntas sobre gosto musical, depressão, ansiedade e estresse, além de afetos positivos e negativos. O principal resultado apontado foi a diminuição dos níveis de saúde mental provocada pela música intensa, que inclui os gêneros heavy metalpunk e rock.

“A pesquisa mostra, claramente, o efeito da preferência musical na saúde mental. Verificamos que, quanto mais preferência por música intensa, maiores os níveis de depressão, estresse e ansiedade, e que essa relação foi mediada pelos afetos negativos”, explica Carlos Pimentel.

De acordo com o pesquisador da UFPB, o efeito da música é cumulativo, podendo aumentar afetos negativos e diminuir afetos positivos. Segundo ele, essa relação foi verificada mesmo controlando importantes fatores para a saúde mental, como o sexo, a idade e o neuroticismo (instabilidade emocional).

A realização do estudo para testar os efeitos indiretos desse gosto musical foi motivada, conforme o também professor da federal paraibana, pela existência de um impasse na ciência, com pesquisas conflitantes sobre o papel da preferência por música intensa na predição da saúde mental – algumas apontam um impacto positivo enquanto outras mostram um impacto negativo.

Por essa razão, apesar da contribuição da pesquisa para a compreensão do assunto, Carlos Pimentel ressalta que o tema precisa ser mais explorado, com novas pesquisas que aprofundem outras questões não abordadas no referido estudo.

Também contribuíram para o trabalho os pesquisadores Renan Monteiro e Wilker Andrade, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Gabriel Coelho, da University College Cork, na Irlanda, e Roosevelt Vilar, da Massey University, na Nova Zelândia.

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Reportagem: Milena Dantas | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB