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Painéis de madeira aglomerada desenvolvidos na UFPB utilizam adesivos biodegradáveis

publicado: 11/08/2021 13h42, última modificação: 11/08/2021 15h31
Produção é realizada com material atóxico e livre de substância carcinogênica
Foto: Angélica Gouveia
Foto: Angélica Gouveia

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram painéis de madeira aglomerada e MDF que utilizam adesivos biodegradáveis. O projeto é coordenado pelo Prof. Eliton Souto Medeiros, do Departamento de Engenharia de Materiais, no Centro de Tecnologia (CT), com colaboração do doutorando Lucas Figueiredo e André Azevedo, estudante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic).

A composição dos painéis com os adesivos biodegradáveis é feita com material atóxico e livre de formaldeído – uma substância carcinogênica –, o que garante uma destinação ecologicamente correta e agrega valor aos resíduos empregados no produto. Os painéis são resultados da utilização de subprodutos da serragem da madeira e da produção de biodiesel.

A ideia de criar um material para madeira aglomerada que tivesse características semelhantes aos materiais tradicionais para substituí-los com menos danos ambientais é antiga. O Prof. Eliton Medeiros explicou como foi desenvolvido o conceito, enfatizando seu valor de mercado. A Agência de Inovação Tecnológica da UFPB (Inova-UFPB) já entrou com o pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Há dez anos, eu já tinha o desejo de criar um tipo de adesivo que pudesse substituir os adesivos tradicionais que utilizam formaldeído. Assim que registramos os primeiros resultados positivos, já pensamos em proteger o estudo com um patenteamento por ser uma tecnologia que tem a possibilidade de gerar milhões de reais. A tecnologia de madeira no Brasil envolve muito dinheiro e esse adesivo viria ao encontro da necessidade do mercado nacional”, destacou Prof. Medeiros.

Para que a tecnologia seja comercializada e disponibilizada a toda sociedade, a Inova-UFPB busca parcerias que viabilizem sua produção e distribuição por meio de transferência, licenciamento ou aperfeiçoamento do produto.

“Nossa necessidade de parcerias é grande porque é um projeto que tem capacidade de ser imensamente vantajoso. Existem países, por exemplo, que não aceitam os aglomerados brasileiros que contenham cola à base de produtos tóxicos. Temos barreiras de exportação e, uma vez em escala piloto com um material que nós desenvolvemos, essa barreira é quebrada”, completou o coordenador.

Um dos colaboradores do projeto, Lucas Figueiredo, falou sobre o processo de produção, em que foi utilizado um tipo de madeira de reflorestamento. “Passamos cerca de um ano tentando produzir com resíduos maiores de madeira, mas sem sucesso. Primeiramente, tentamos com lascas de madeiras para fazer um painel mais rígido. Depois de várias tentativas, conseguimos fazer um painel aglomerado utilizando a madeira de pinus, que é uma madeira de reflorestamento”, contou.

Com doações realizadas por madeireiras, o pó de madeira, que é normalmente descartado ou queimado pelas indústrias, foi retrabalhado para a confecção dos painéis que não causam problemas de irritação no contato e nem exalam odor. O doutorando também pontuou as características positivas e sustentáveis do material desenvolvido.

“Trata-se de ganhos enormes para um bem comum. Na fabricação desse tipo de MDF são utilizados, por vezes, derivados do petróleo. Trabalhamos no sentido oposto, com a confecção de um material que, além de ser biodegradável, é livre de qualquer toxicidade”, ressaltou.

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Reportagem: Mariani Idalino
Edição: Aline Lins
Foto: Angélica Gouveia/Divulgação