Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > Pesquisa da UFPB aponta falta de vagas em serviços de saúde para deficientes
conteúdo

Notícias

Pesquisa da UFPB aponta falta de vagas em serviços de saúde para deficientes

Profissionais de João Pessoa cobram investimento em formação continuada
publicado: 27/03/2020 19h48, última modificação: 27/03/2020 19h48
Estudo foi realizado com 261 profissionais da Atenção Primária à Saúde na capital paraibana. Foto: Divulgação

Estudo foi realizado com 261 profissionais da Atenção Primária à Saúde na capital paraibana. Foto: Divulgação

O investimento em formação e promoção da saúde para os cuidados à pessoa com deficiência é urgente”. A afirmação é da pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Natasha Medeiros, na dissertação “Atuação da atenção primária na rede de cuidados à pessoa com deficiência do município de João Pessoa na perspectiva dos profissionais”. 

De acordo com a pesquisadora, as ações de cuidados às pessoas com deficiência realizadas pelos profissionais da rede municipal de saúde são limitadas. Para ela, o cuidado e acompanhamento dos indivíduos e familiares precisam ser fortalecidos na rotina de trabalho. 

É necessário incentivar ações de apoio para potencializar as intervenções e integrar o trabalho entre equipes. Sejam elas no campo da prevenção de deficiências, promoção da saúde e no uso de recurso clínico e gerencial para o aumento da atenção à saúde desse público”, reforça. 

A pesquisa de Natasha foi realizada com 261 profissionais graduados que atuam na Atenção Primária à Saúde, sendo 197 da Equipe de Saúde da Família e 64 profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e Atenção Básica. Os dados foram obtidos nas Unidades de Saúde da Família dos cinco distritos sanitários de João Pessoa, entre os meses de junho a novembro de 2019. 

A Portaria nº 793/2012 do Ministério da Saúde (MS), que instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPCD) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), atesta que a Atenção Primária à Saúde deve atuar como coordenadora do cuidado e centro de comunicação da rede. “Portanto, faz-se necessário que os trabalhadores desses serviços sejam capazes de lidar com as demandas do público. O funcionamento exige pesquisas, debates e reflexões contínuas sobre os mecanismos de educação permanente para os profissionais”, explica Natasha. 

Segundo a pesquisadora, 60% dos profissionais de saúde analisados apontaram que pouca disponibilidade de vagas nos serviços é o que mais dificulta o fluxo da RCPCD. “Relataram que é preciso melhorar a comunicação entre Atenção Primária à Saúde e outros pontos de cuidados. Quando investigamos em qual serviço costumam encaminhar os usuários, percebemos que os profissionais encaminham mais para o Centro Especializado em Reabilitação”, acentua. 

Também sugeriram que “a gestão municipal precisa promover a continuidade do cuidado por meio da organização de demandas assistenciais e do fluxo, além de aumentar o escopo de atendimento e diminuir as filas de espera”. 

Capacitação negligenciada 

Na pesquisa de Natasha Medeiros foi identificada a necessidade de realização de processos formativos direcionados ao tratamento de pessoas com deficiência que devem ser disponibilizados pela rede de saúde de João Pessoa para os profissionais. “A pesquisa indicou que 119 profissionais não realizaram formação com a temática para pessoas com deficiência ofertada pelo município e observamos que, apesar de terem boa formação profissional para o atendimento à pessoa com deficiência, existem limitações”, salienta. 

A análise aponta que os profissionais “raramente realizam atividades de promoção à saúde para pessoas com deficiência e outras baseadas no conhecimento da comunidade, indicando a fragilidade do cuidado no processo saúde e doença”.  Também indica que há “vulnerabilidade de comunicação e descontinuidade da assistência, implicando em quebra da longitudinalidade [relação paciente-profissional-continuidade-serviços na saúde], aumento das duplicidades de atendimento, ameaça à garantia do cuidado e acréscimo do sofrimento do usuário”. 

Natasha Medeiros sustenta que, diante desse cenário, é preciso haver ampliação da rede e criação de ações estratégicas para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde. “É preciso ter conhecimento sobre como a RCPCD é um sistema de referência, de articulação e centro de comunicação na garantia da assistência e do bem-estar dos indivíduos”, adverte. 

Ascom/UFPB