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Pesquisa da UFPB é capa do principal periódico de alto impacto brasileiro na área de química

Oito dos dez compostos sintetizados são inéditos e podem virar remédios antifúngicos
publicado: 02/09/2020 20h43, última modificação: 02/09/2020 22h59
No centro da figura, é possível observar estrutura tridimensional do safrol envolvido pelos dez derivados semissintéticos, todos na forma tridimensional. No fundo, fotografia microscópica do fungo Candida albicans. Crédito: Luiz Cruz

No centro da figura, é possível observar estrutura tridimensional do safrol envolvido pelos dez derivados semissintéticos, todos na forma tridimensional. No fundo, fotografia microscópica do fungo Candida albicans. Crédito: Luiz Cruz

O artigo de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) intitulado Synthesis, in silico study, theoretical stereochemistry elucidation and antifungal activity of new imides derived from safrole (Estudo in silico, elucidação teórica da estereoquímica e atividade antifúngica de novas imidas derivadas do safrol, em tradução livre), é capa da última edição do principal periódico de alto impacto brasileiro na área de química, o Journal of the Brazilian Chemical Society.

A revista científica tem fator de impacto 1.399 e é enquadrada como Qualis A2, na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação do Brasil que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros. No sistema brasileiro de avaliação de periódicos, a avaliação máxima é o Qualis A1.

O estudo é de autoria dos pesquisadores da UFPB Raquel Vilela, Normando Costa, Helivaldo Souza, Luiz Cruz, Kelyonara Assis, Edeltrudes Lima, Laísa Cordeiro, Bruno Lira, Petronio Athayde Filho, Gerd Rocha e José Maria Barbosa Filho.

O trabalho fez parte da tese de doutorado de Raquel Vilela, por meio do qual foram sintetizadas dez imidas derivadas do safrol, um óleo essencial conhecido como sassafrás e extraído de uma planta da família Lauraceae (Ocotea pretiosa ou Ocotea odorifera).

Em química orgânica, imida é o grupo funcional caracterizado por duas carbonilas ligadas ao mesmo nitrogênio. Assim como uma amida substituída é o análogo de um éster em que o oxigênio é substituído por um nitrogênio, a imida é o análogo de um anidrido de ácido carboxílico.

As estruturas químicas das dez imidas sintetizadas foram caracterizadas por espectroscopia de infravermelho, ressonância magnética nuclear de hidrogênio, carbono treze e análise de espectrometria de massa de alta resolução.

Entre as dez imidas estudadas, oito são inéditas, ou seja, estão sendo descritas pela primeira vez na literatura científica. Os compostos foram avaliados biologicamente e apresentaram atividade antifúngica forte a moderada contra várias cepas dos fungos Candida e Cryptococcus. Estudos in silico dos parâmetros da regra de Lipinski e computacionais indicaram que esses compostos são potenciais candidatos a novos medicamentos.

Alguns tipos do Candida provocam infecção oral e vaginal nos seres humanos. Já espécies do Cryptococcus podem causar uma forma grave de meningite, inflamação aguda das membranas protetoras que revestem o cérebro e a medula espinal, e meningoencefalite em pessoas com HIV/AIDS, que se trata de uma inflamação do cérebro. 

O trabalho colaborativo, de grande impacto científico, foi realizado nos laboratórios da UFPB, em quatro anos de pesquisas acadêmicas. Toda parte experimental sintética foi desenvolvida no âmbito do Departamento de Química, sob a orientação do professor Petrônio Athayde Filho e coorientação do pesquisador Bruno Lira.

No Laboratório Multiusuário de Caracterização e Análise do Instituto de Pesquisa em Fármacos e Medicamentos (IPeFarM), órgão suplementar da UFPB, foram empreendidas as análises espectroscópicas sob os cuidados do professor Barbosa Filho.

No Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB, os testes biológicos antifúngicos foram executados pela professora Edeltrudes Lima. Já a parte computacional contou com a colaboração do professor Gerd Rocha, do Programa de Pós-Graduação em Química da UFPB.

A pesquisa teve apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Capes e da Financiadora de Estudos e Projeto (Finep). O pedido de depósito de patente para proteção da invenção está em tramitação junto à Agência de Inovação Tecnológica (Inova) da UFPB. Interessados no estudo devem entrar em contato pelo e-mail inova@reitoria.ufpb.br.

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB