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Pesquisa da UFPB investiga se papéis de gênero influenciam avaliação de candidatas a cargos eletivos

Universitários de todo o país podem participar do estudo através de questionário on-line
publicado: 17/09/2020 19h46, última modificação: 17/09/2020 19h46
Papéis de gênero delimitam para as mulheres tarefas domésticas e de cuidado, ao invés de posições de gestão em instituições. Crédito: Autor Desconhecido

Papéis de gênero delimitam para as mulheres tarefas domésticas e de cuidado, ao invés de posições de gestão em instituições. Crédito: Autor Desconhecido

Estudo desenvolvido pela pesquisadora Amanda Sousa, do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob orientação da professora associada Ana Raquel Torres, busca compreender os conteúdos presentes nas avaliações de candidatas a cargos eletivos na política profissional e se essas considerações  tendem a ser mais positivas ou negativas. 

A pesquisa está sendo realizada com estudantes universitários de todo o país, por meio de um questionário on-line disponível na plataforma SurveyMonkey. Os estudantes avaliam mulheres candidatas quanto as suas propostas e é pedido que descreva suas impressões sobre elas. 

“A pesquisa ainda está em andamento e já conta com 200 participantes de todo o Brasil, porém ainda necessitamos de mais respostas. Como os resultados fazem parte da minha dissertação, eles serão apresentados integralmente na minha defesa, que tem previsão para ocorrer em março de 2021”, explica Amanda Sousa. 

De acordo com a pesquisadora, a disparidade de gênero é algo que afeta a vida das mulheres como um todo e de modo transcultural. “O Ranking de Igualdade de Gênero do Fórum Econômico mundial, que analisa a disparidade de gênero em mais de 100 países, desde 2006, revelou que a política é o âmbito de maior disparidade de gênero, seguido do índice de participação econômica”, conta Amanda Sousa. 

Segundo a mestranda, isso ocorre mesmo em países mais igualitários, como Islândia e Noruega, na Europa, que ainda não conseguiram eliminar essa desigualdade. “Dessa maneira, a igualdade de representatividade feminina na política parece ser a última barreira para a igualdade total de gênero”. 

Nesse cenário, a pesquisadora assumiu a missão de entender o que está subjacente a esse processo de exclusão da mulher na política. Um fator de grande impacto, no ponto de vista dela, é os papéis de gênero que delimitam para a mulher tarefas domésticas e de cuidado, ao invés de posições de gestão em instituições, por exemplo. 

“Ainda que esses trabalhos sejam igualmente importantes para a sociedade, o status e retorno financeiro são bastante desiguais. Os processos de socialização são responsáveis por perpetuar esses papéis, permitindo que essas desigualdades se mantenham e afetem as mulheres nos âmbitos da educação, do trabalho e da participação política”, avalia Amanda Sousa. 

Nesse sentido, o estudo deseja verificar se esses vieses de gênero influenciam na avaliação das candidatas. “Uma vez que é possível identificar o teor dessas avaliações, podemos contribuir com políticas públicas que busquem diminuir esta disparidade de gênero”, finaliza a mestranda. 

Tanto Amanda Sousa quanto a professora associada Ana Raquel Torres fazem parte do Grupo de Pesquisa em Comportamento Político da UFPB, que desenvolve pesquisas nas áreas da Cognição Social e Representações Sociais, analisando as relações intergrupais na sociedade.

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB