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Pesquisa da UFPB revela que interações nas redes sociais criam ecossistemas de aprendizagem
Uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizou um mapeamento das interações nas redes sociais Facebook e YouTube para compreender como os sites de redes sociais ampliam aprendizagens a respeito de temas de pesquisa no campo dos estudos culturais em educação no Brasil.
A pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Educação (CE), foi realizada pela aluna Geovanna Cristina Rodrigues, sob orientação da professora Edna Gusmão Brennand, e recentemente publicada no livro Ecossistemas de Aprendizagens em Sites de Redes Sociais, da Editora UFPB.
Os estudos culturais são um campo de investigação sobre práticas culturais e suas relações educacionais e sociais, que provocam mudanças na sociedade. A orientadora da pesquisa explica que devido à dinâmica que ocorre no interior das plataformas de redes sociais, essas mídias oferecem oportunidades de estudo sobre relações humanas e práticas culturais da sociedade e configuram-se como espaços de interesse para pesquisas dos Estudos Culturais em Educação.
A coleta dos dados foi realizada em três etapas principais: a identificação dos temas de pesquisa no campo dos Estudos Culturais em Educação, em teses e dissertações; a identificação das páginas do Facebook e dos vídeos no YouTube através dos temas sorteados dos estudos culturais em educação e demais dados; e o mapeamento das redes de interações formadas no Facebook e no YouTube.
Foram analisadas publicações no Facebook selecionadas por meio do mecanismo de busca da rede social utilizando as palavras-chave: cultura digital, inclusão e gênero. A investigação foi realizada com base em seis páginas como, por exemplo, “Mundo Nativo Digital”; a “inclusão é direito de todos” e “Projeto conviver inclusão”. De cada página foi sorteada uma postagem para análise do conteúdo.
Já no YouTube foram utilizadas as palavras-chave: cultura digital, inclusão e gênero na ferramenta de busca. A investigação foi realizada com base em seis vídeos sobre temas como cultura digital, inclusão escolar e o papel do professor, antropologia, dentre outros. A análise do conteúdo foi realizada a partir dos comentários dos usuários sobre esses vídeos.
Para analisar os dados, foram aplicados os métodos de Análise de Redes Sociais (ARS), utilizando softwares como o Gephi e o NodeXL Pro, que trabalham com métricas e interpretação de grafos; e o da Análise de Conteúdo, com utilização do software Iramuteq.
Interligando educação e cultura digital, a pesquisa concluiu que os sites de redes sociais, ao oferecer aos usuários diferentes possibilidades de interação, de diálogo e de produção de conteúdo, criam ecossistemas de aprendizagem que se ampliam à medida que outras pessoas participam e se conectam à rede social.
“A cada acesso a links, compartilhamentos, comentários, reações e visualizações, as pessoas entram em contato com novas informações e interagem com outras pessoas, objetos, ideias e software, o que amplia os processos de aprendizagens que resultam em novos conhecimentos (esquemas mentais) e sensibilizações (padrões mentais) e provoca mudanças que levam a novos processos de aprendizagem e, assim, sucessivamente”, disse Edna Gusmão Brennand.
Segundo a docente, as principais características dos ecossistemas de aprendizagem encontrados nos sites de redes sociais são a interação, o diálogo e a produção de conteúdo, seja dentro de um ciclo de amizades ou não, o que se configura como lócus de aprendizagens.
Além disso, a abertura para comentários, compartilhamentos e reações oferecidos pelos sites de redes sociais ampliam as possibilidades de aprendizagens coletivas, pois surgem novos pontos de interação. As pesquisadoras notaram algumas preferências, como a expressão por meio de ícones – os chamados emotions; e que as reações negativas como dislikes, tristeza ou bravo foram mínimas, se comparadas com as reações positivas (likes e amei). Isso sinaliza que os usuários costumam avaliar positivamente os materiais postados e aprendem por meio deles
“Devemos ver os sites de redes sociais para além de ambientes de lazer e de entretenimento pois são ricos em possibilidades de interação, diálogos, produção de conteúdo e compartilhamento de informações, o que possibilita a criação de ecossistemas de aprendizagens”, orientou a docente.
Os ecossistemas de aprendizagem são ampliados devido às possibilidades interacionais que os sites de rede social oferecem e que, por meio de suas interfaces, alcançam diferentes usuários. Essas redes se transformam em colégios invisíveis onde participam humanos e não humanos. Sobre a publicação do livro pela Editora UFPB, a docente afirma ser uma sinalização do reconhecimento da pesquisa e desperta nela emoção e sentimento de responsabilidade diante da sociedade.