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Pesquisador da UFPB propõe brigadas emergenciais de saúde no Nordeste

Estratégia pode frear Aedes aegypti e poupar sistemas de saúde já em colapso devido à Covid-19
publicado: 27/05/2020 18h44, última modificação: 27/05/2020 18h44
Em meio à pandemia do novo coronavírus, comitê científico vê com preocupação aumento de casos de Dengue e Chikungunya, doenças causadas pelo Aedes aegypti. Crédito: Reprodução/Jornal Cruzeiro/Autor Desconhecido

Em meio à pandemia do novo coronavírus, comitê científico vê com preocupação aumento de casos de Dengue e Chikungunya, doenças causadas pelo Aedes aegypti. Crédito: Reprodução/Jornal Cruzeiro/Autor Desconhecido

O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, por meio do professor Rafael Raimundo, do Departamento de Engenharia e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), recomenda aumento do isolamento social, criação de brigadas emergenciais de saúde e mais testagens para Covid-19 e dengue no Nordeste do Brasil.

De acordo com boletim divulgado na última quinta-feira (21), as medidas são necessárias diante da contínua expansão da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e, agora, com o aumento dos casos de infecção pelo mosquito da dengue na região.

“O comitê vê como fundamental aumentar as testagens de ambas as infecções. Os governos estaduais devem obter informações sobre a disponibilidade de testes para a dengue. O aumento de casos da doença também contribuirá para a sobrecarga dos sistemas de saúde do Nordeste nas próximas semanas”, alerta o pesquisador da UFPB.

Segundo Rafael Raimundo, o grupo científico reforça o isolamento total como a medida mais urgente por causa da superlotação do sistema de saúde, que aumentará, em toda a região Nordeste e no resto do país, em virtude de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue e a chikungunya.

“As condições para o lockdown (isolamento total), já utilizado em diferentes formatos em São Luiz, Fortaleza e na Região Metropolitana do Recife, também se fazem presentes, por exemplo, na Grande João Pessoa (83-88% de ocupação de leitos) e em Campina Grande (83% de vagas ocupadas), no estado da Paraíba”, destaca Rafael Raimundo.

Conforme o pesquisador da UFPB, os governantes, diante desse cenário, podem desenvolver ações que estimulem a criação de Brigadas Emergenciais de Saúde. A finalidade, afirma Raimundo, é utilizar equipes formadas por médicos da família, enfermeiros e agentes de saúde para combater os agentes causadores das doenças onde eles atacam inicialmente: casas, bairros, municípios do interior e periferias das cidades.

“Dado o sucesso do aplicativo Monitora Covid-19, que já conta com mais de 50 mil usuários cadastrados, a sincronização dos dados obtidos com a atuação das brigadas em campo tem sido parte essencial da estratégia de combate ao novo coronavírus. Acreditamos que a estratégia pode ser um divisor de águas no combate à infecção no Nordeste e em todo o Brasil”, ressalta Raimundo.

O Comitê Científico salienta ainda que governos estaduais devem ampliar a divulgação de informações referentes aos programas assistenciais federais existentes, que auxiliarão financeiramente a população do Nordeste durante a crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19.

“Somente com o Programa de Auxílio Emergencial em todos os estados nordestinos, a economia regional pode absorver montante superior a R$ 24 bilhões. Somado com outros programas que estão disponíveis à população, a expectativa é que a região Nordeste possa receber aproximadamente R$ 40 bilhões”, advertem os pesquisadores do Comitê.

Cloroquina e hidroxicloroquina descartadas

Em resposta à portaria do Ministério da Saúde, publicada no dia 20 de maio, o Comitê Científico do Nordeste mantém a posição contrária ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina, isoladas ou em associação com outros medicamentos, para o tratamento de qualquer fase da infecção provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Rafael Raimundo atesta que a recomendação foi baseada em evidências científicas e clínicas publicadas nas maiores revistas científicas do mundo e confirmadas pelas mais importantes instituições de pesquisas internacionais. Entre elas, destacam-se o National Institute of Health (Estados Unidos), a European Medical Agency (Comunidade Europeia) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil.

“Além de não haver demonstração científica ou clínica crível da efetividade terapêutica desses medicamentos, em qualquer estágio da infecção por Covid-19, há graves efeitos colaterais em pacientes com a doença. Incluem-se a morte súbita por parada cardíaca irreversível e a insuficiência hepática e renal”, acentua o pesquisador da UFPB.

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB