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Pesquisadores da UFPB alertam sobre avanço da Covid-19 no Vale do Mamanguape

Em dez dias, aumento de casos foi de 155%
publicado: 16/06/2020 21h57, última modificação: 16/06/2020 21h57
Nas 12 cidades do Litoral Norte paraibano, número de mortes subiu de 10 para 23, de 1º a 10 de junho. Há cerca de 22 mil indígenas em 32 aldeias na região. Foto: R’Drone/Reprodução

Nas 12 cidades do Litoral Norte paraibano, número de mortes subiu de 10 para 23, de 1º a 10 de junho. Há cerca de 22 mil indígenas em 32 aldeias na região. Foto: R’Drone/Reprodução

Pesquisadores do Centro de Ciências Aplicadas e Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) alertam, em relatório, sobre o avanço da pandemia de Covid-19 nos 12 municípios do Vale do Mamanguape, no Litoral Norte paraibano. 

Em dez dias, de 1º a 10 de junho, os registros de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) na região aumentaram 155%, de 400 para 1.021 casos confirmados. Nesse período, o número de mortes subiu de dez para 23, uma amp-liação de 130%.

Das 12 cidades do Vale, no dia 10 de junho, Mamanguape, Rio Tinto e Baía da Traição foram as que mais atestaram infecções: 529, 160 e 87, respectivamente. Itapororoca (64), Capim (51), Mataraca (40), Jacaraú (37), Cuité de Mamanguape (24), Curral de Cima (10), Marcação (9), Lagoa de Dentro (9) e Pedro Régis (1) também registraram casos de Covid-19. 

Segundo dados dos pesquisadores da UFPB, os municípios de Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Marcação, Lagoa de Dentro e Pedro Régis, até o dia 10 de junho, não registraram mortes. Para os especialistas, o fato de não haver mortes nessas cidades está atrelado ao isolamento social e à menor estrutura delas. 

“A população atendeu aos decretos e apelos do poder público, das equipes de saúde, da segurança pública e de suas lideranças comunitárias. O controle social foi seguido fidedignamente”, destacam os pesquisadores em sua análise. 

De acordo com o coordenador do relatório, professor Paulo Palhano, o fator principal que propicia o adoecimento pela Covid-19 é a falta de conscientização do isolamento social. Para ele, também agravam a pandemia a dificuldade de higienização da população, dos objetos e a ausência de infraestrutura nas unidades de saúde. 

“A ausência de ações educativas pelo poder público, a postura dúbia adotada pelos gestores, a não adoção de ações educativas e preventivas são atitudes que produzem o adoecimento e até grande quantidade de óbitos”, adverte o pesquisador da UFPB. 

Palhano afirma que as medidas lançadas pelo Governo do Estado, para 223 municípios da Paraíba, precisam ser adequadas à realidade do território e atender às particularidades dos 12 municípios do Vale do Mamanguape. 

“O contexto da pandemia impõe, necessariamente, medidas firmes visando desacelerar e debelar o processo de contágio. Em hipótese nenhuma, deve-se praticar o medo ou sensacionalismo junto à população. É fundamental o cultivo da boa informação para as populações do Vale do Mamanguape”, enfatiza. 

O professor da UFPB acredita que a atuação deve ser no sentido de “unir forças institucionais e populares” e que “a sociedade precisa de ações práticas, no intuito de que as vidas possam ser preservadas”. 

O grupo de especialistas do relatório da UFPB afirma que é fundamental, para os gestores públicos paraibanos, a adoção de medidas como manutenção das barreiras, higienização dos condutores e passageiros de veículos e a distribuição de máscaras caseiras para a população. 

Também endossam ser imprescindível a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara do Vale de Mamanguape. Há cerca de 22 mil indígenas em 32 aldeias situadas nas cidades de Rio Tinto, Marcação e Baia da Tradição. 

“O poder público precisa avaliar suas ações e unir forças para apoiar as iniciativas advindas dos caciques, pajés, educadores sanitários e dos movimentos sociais. É imprescindível a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara”, acentuam os pesquisadores da UFPB. 

A população indígena da região tem atuado em favor do isolamento social com barreiras e evitado a aglomeração em suas aldeias. No entanto, conforme avaliação do grupo da UFPB, necessitam ampliar os diálogos com as prefeituras e o poder público tem a obrigação de atender às demandas do povo Potiguara das localidades. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB