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Pesquisadores da UFPB atestam efeito anti-inflamatório de composto para síndrome alérgica

Fármaco para rinite e asma combinadas poderá ser produzido a partir de composto de óleos essenciais de plantas aromáticas
publicado: 19/10/2021 15h37, última modificação: 19/10/2021 15h46
Síndrome com sintomas de rinite e de asma ao mesmo representa grave problema de saúde no país e no mundo. Foto: Getty Images/iStockphoto

Síndrome com sintomas de rinite e de asma ao mesmo representa grave problema de saúde no país e no mundo. Foto: Getty Images/iStockphoto

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) atestaram os efeitos antialérgico e anti-inflamatório de composto para síndrome alérgica com sintomas de rinite e de asma combinados, denominada de CARAS, do inglês Combined Allergic Rhinitis And Asthma Syndrome.

Fármaco eficaz para essa síndrome poderá ser produzido a partir da substância, um monoterpeno, que é um composto de óleos essenciais de plantas aromáticas conhecido como 4-Carvomenthenol (Carvo).

Para atestar os efeitos antialérgico e anti-inflamatório do composto, os pesquisadores da UFPB executaram um estudo pré-clínico inédito com camundongos. Os testes ocorreram no Laboratório de Imunofarmacologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, no campus I, em João Pessoa.

Os experimentos aconteceram durante o mestrado acadêmico da pesquisadora Grasiela Barros, entre 2019 e 2021, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da UFPB, sob orientação da professora Marcia Piuvezam.

A pesquisadora Grasiela Barros conta que um dos motivos cruciais que estimulou a realização do trabalho foi o fato de que os principais recursos farmacoterapêuticos atuais para o tratamento da CARAS normalmente estão associados a efeitos adversos e colaterais pertinentes que podem causar danos significativos aos usuários, principalmente quando utilizados por um longo período. Por isso a busca pelo desenvolvimento de novas classes terapêuticas que proporcionem maior segurança e eficiência e que tratem a asma e a rinite alérgica como uma única doença das vias aéreas.

Os produtos naturais são recursos importantes para a descoberta de novos medicamentos eficazes. Vários estudos já demonstraram que as plantas apresentam potencial terapêutico que também pode ser atribuído aos óleos essenciais que contêm compostos como os monoterpenos”, certifica a pesquisadora.

Nos testes, a substância apresentou atividade imunomoduladora diante da rinite e da asma concomitantemente e promoveu a redução do número de células inflamatórias nas cavidades nasais e pulmonares. Além disso, diminuiu as alterações teciduais nas vias aéreas, causadas pela inflamação crônica.

Os sinais clínicos de rinite alérgica, como fricções nasais e espirros, também foram atenuados. Biomarcadores característicos da asma e da rinite também apresentaram suas concentrações reduzidas. Do mesmo modo, o composto levou ao aumento da Interleucina-10, uma importante citocina capaz de mitigar a resposta alérgica da síndrome.

O Carvo reduziu de forma significativa os sinais clínicos e a inflamação alérgica da CARAS. Portanto, esses resultados demonstraram que o Carvo apresentou propriedade antialérgica e anti-inflamatória em um modelo experimental de CARAS, sugerindo um novo protótipo de medicamento para o tratamento dessa síndrome alérgica”, afirma Grasiela Barros.

A confirmação dos efeitos antialérgico e anti-inflamatório do composto para síndrome alérgica contou com a colaboração dos professores da UFPB Talissa Monteiro e Adriano Alves, da pós-doutoranda Laércia Ferreira, da doutoranda Larissa Ferreira e do docente Ramon Pereira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), responsável pelas análises histopatológicas.

Pesquisas anteriores, já publicadas na literatura,demonstraram que o Carvo apresenta baixa toxicidade e importantes propriedades farmacológicas, ganhando destaque por exibir ação imunomoduladora, relatada em ensaios in vitro e em modelos animais de inflamação aguda.

Contudo, até então, ainda não tinham sido realizados estudos para elucidar sua atividade anti-inflamatória em modelo experimental de inflamação crônica, como o da CARAS, em camundongos.

Os resultados do estudo foram publicados em um artigo científico em novembro do ano passado, no periódico de alto impacto International Immunopharmacology, da Elsevier.

Pedido de patente que reivindica o efeito farmacológico da molécula na inflamação alérgica foi realizado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) no mês de agosto do ano passado.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins