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Pesquisadores da UFPB desenvolvem anti-hipertensivo a partir da casca do jatobá

Produto vegetal demonstrou potente capacidade de reduzir a pressão arterial de ratos hipertensos
publicado: 25/08/2020 18h05, última modificação: 25/08/2020 18h06
O próximo passo da pesquisa é o estudo clínico com humanos. Há dois bilhões de hipertensos no mundo. Foto: Alexandre Sérgio Silva

O próximo passo da pesquisa é o estudo clínico com humanos. Há dois bilhões de hipertensos no mundo. Foto: Alexandre Sérgio Silva

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) obtiveram extratos, frações e compostos isolados com propriedade anti-hipertensiva, a partir da casca do caule da Hymenaea rubiflora Ducke, conhecida popularmente como jatobá, árvore comum em alguns estados do Nordeste, incluindo a Paraíba.

O produto vegetal demonstrou potente capacidade de reduzir a pressão arterial de ratos hipertensos. Espera-se que se transforme em mais uma possibilidade de medicamento ou de nutracêutico, composto bioativo presente em alimentos, para o tratamento da hipertensão arterial em humanos.

“Este composto é obtido por meio da maceração da casca do caule, podendo ser apresentado na forma de extrato, frações, liofilizado ou compostos bioativos isolados, com aplicação na área de tratamento de doenças que têm o estresse oxidativo como uma de suas etiologias, visando especificamente a redução da pressão arterial em hipertensos”, explica um dos inventores do produto vegetal, o professor Departamento de Educação Física da UFPB, Alexandre Sérgio Silva.

O próximo passo da pesquisa é o estudo clínico com humanos. Segundo o relatório do depósito da patente da UFPB, atualmente, a terapia medicamentosa anti-hipertensiva apresenta eficácia na redução da pressão arterial, porém cada fármaco atua em apenas um determinado sistema de controle pressórico, de acordo com a classe, que pode ser vasodilatadores diretos, alfabloqueadores, diuréticos, inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) - componente central do sistema renina-angiotensina, que atua no controle da pressão arterial regulando o volume de fluidos no corpo, entre outros.

Dessa forma, a maioria dos hipertensos necessita usar mais de um medicamento, com diferentes mecanismos de ação, para que seja atingido o adequado controle da pressão arterial, podendo eventualmente surgir efeitos adversos.

Conforme o relatório do depósito da patente da UFPB, é sabido que, embora eficientes medicamentos atuem no controle pressórico, apenas 20 a 30 % das pessoas que se tratam exclusivamente com remédios conseguem manter a pressão arterial controlada.

Uma provável explicação para isso é que, enquanto os fármacos atuam em apenas um mecanismo hipertensivo, a hipertensão arterial tem vários mecanismos que agem ao mesmo tempo. Essa constatação sugere que ainda são necessários o desenvolvimento de produtos de origem farmacológica ou nutracêutica com capacidade de promover redução da pressão arterial e preferencialmente que atuem em vários sistemas de controle da pressão arterial.

Alexandre Sérgio Silva conta que este estudo da UFPB faz parte de uma linha de pesquisa que tem a missão de testar a capacidade de diversos alimentos para reduzir a pressão arterial em hipertensos.

“Iniciamos os testes pensando na fruta jatobá. Entretanto, ao realizarmos os testes para verificar a composição nutricional da fruta, fizemos também do caule, porque, na cultura popular, usa-se o caule para fazer chá. Então descobrimos uma quantidade de antioxidantes muito maior no caule do que no fruto. Por isso, investimos no composto retirado do caule”.

De acordo com o pesquisador, há dois bilhões de hipertensos no mundo. “Uma vez que venha a se tornar um medicamento ou nutracêutico, todas estas pessoas são potenciais beneficiados”.

Também são inventoras do produto vegetal as pesquisadoras da UFPB Luciana Toscano e Klébya Oliveira. As empresas  e pesquisadores interessados em trabalhar com o anti-hipertensivo devem entrar em contato com a Agência de Inovação Tecnológica (Inova) da UFPB, pelo e-mail inova@reitoria.ufpb.br. 

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB