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Pesquisadores da UFPB desenvolvem capacete com ventilação não invasiva

Equipamento oferece oxigênio e pressão positiva sem intubação orotraqueal
publicado: 29/04/2020 18h40, última modificação: 29/04/2020 18h40
Aparelho não precisa ser usado em leitos de UTI, em pouca oferta no país, e inibe contaminação nas unidades de saúde. Foto: Divulgação

Aparelho não precisa ser usado em leitos de UTI, em pouca oferta no país, e inibe contaminação nas unidades de saúde. Foto: Divulgação

Pesquisadores do Laboratório de Fabricação Digital (FabLab) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no Centro de Energias Alternativas e Renováveis (Cear), no campus I, em João Pessoa, desenvolveram um capacete com ventilação não invasiva para pacientes em estado grave devido à infecção pelo novo coronavírus (Covid-19).

Segundo os pesquisadores, o vírus Sars-Cov-2, que provoca a doença, tem alta capacidade de disseminação por meio de aerossóis dispersados pelos doentes, sendo por isso desaconselhada a ventilação não invasiva de alto fluxo, que expõe os profissionais de saúde ao contágio.

Desse modo, o invento se apresenta como uma alternativa de tratamento clínico para a Covid-19, diante da escassez de aparelhos de ventilação no mercado e pode ser usado em pacientes com necessidade de suporte ventilatório, a fim de evitar intubações orotraqueais precoces.

Com a utilização do capacete, os pesquisadores pretendem disponibilizar uma alternativa de ventilação não invasiva, com geração mínima de aerossóis, possibilitando oferecer oxigênio e pressão positiva sem realizar a intubação orotraqueal, reduzindo, assim, as possíveis complicações geradas pela ventilação mecânica. De acordo com os pesquisadores, uma das principais causas de infecção hospitalar é a pneumonia associada à ventilação mecânica.

Conforme a equipe, uma vez constatada boa adaptação, é previsto o uso do capacete pelo paciente por até 15 dias. O projeto foi submetido nesta quarta-feira (29), ao comitê de ética do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da UFPB e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os pesquisadores solicitaram autorização para continuar o desenvolvimento do capacete e iniciar os testes com pacientes, segundo o coordenador do Laboratório de Fabricação Digital da UFPB, Euler Macêdo.

Devido à recomendação de utilização em pacientes que estejam lúcidos e acordados, o aparelho não precisa ser utilizado em leitos de UTI, em pouca oferta no país. “Também esse tipo de capacete reduz a contaminação do hospital, devido ao confinamento do paciente ao capacete”, explica Euler Cássio.

O protótipo desenvolvido pelos pesquisadores foi feito com um capuz manufaturado de PVC, anel fabricado com impressora 3D, membrana de vedação cervical adaptada de balão látex, conectores de saída e entrada de gases feitos com tubos de PVC.

Esta versão foi testada por meio da conexão do protótipo a um suporte ventilatório mecânico no dia 13 de abril, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB. Não houve intercorrências e foi constatada viabilidade.

O usuário submetido ao teste foi Alberto Filho, um dos desenvolvedores do capacete. Um segundo teste foi realizado no dia 22 de abril, no Hospital Alberto Urquiza Wanderley, da Unimed, em João Pessoa.

O professor Euler Cássio ressalta que, embora o processo de fabricação seja simples, a equipe ainda está em busca de parceiros que possam aumentar a capacidade de produção após a regulamentação pela Anvisa.

Queremos produzir em massa, mas com nossa capacidade não temos como produzir muitas unidades”. Também atuam na inovação os pesquisadores Alberto Oliveira Filho, Eliauria Martins e Luiz Regis. Contatos devem ser realizados pelo fablab@cear.ufpb.br.

Ascom/UFPB