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Pesquisadores da UFPB estudam utilização de adubos orgânicos e bioestimuladores na produção de hortaliças no semiárido

publicado: 07/02/2022 16h53, última modificação: 08/02/2022 09h32
A pesquisa está sendo desenvolvida com pimentões e já obteve resultados preliminares positivos quanto ao aumento da produtividade de plantas orgânicas
Foto: Divulgação
Frutos de pimentão da variedade Koliman, biostimulados com humus organominerial

Uma pesquisa desenvolvida no Centro de Ciências Agrárias (CCA), no Campus II da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA), deseja contribuir, positivamente, para o sucesso produtivo de hortaliças no Agreste Paraibano por meio da utilização de adubos orgânicos e bioestimuladores.

De acordo com o professor Thiago Jardelino Dias, orientador do trabalho, o estado da Paraíba, historicamente, tem contribuído pouco com a produção nacional de hortaliças, a exemplo da cultura do pimentão. Segundo o último censo agropecuário nacional (IBGE, 2021), a produção brasileira de pimentão, no ano de 2017, foi de 224 mil toneladas, sendo que o estado da Paraíba foi responsável pela produção de 3.519 toneladas, correspondendo a 1,56% do total produzido. Para o docente, a baixa produção pode ser explicada pela falta de investimentos em pesquisas que incentivem e valorizem a cultura.

(Da esq p/ dir.) Julio César (doutorando), Dr. Stênio Dantas - proprietário do Canteiro Cheiro Verde, Prof. Thiago Jardelino (orientador da pesquisa), Ramon Freire (doutorando repsonsável pela pesquisa) e Márcia Paloma (doutoranda)

Nesse contexto, a pesquisa “Viabilidade de adubos orgânicos e bioestimuladores na produção de hortaliças em empresas de transição e/ou com certificação orgânica no Agreste paraibano” objetiva avaliar o manejo da adubação orgânica associada ao uso de bioestimuladores em hortícolas, visando elevar a rentabilidade agrícola, melhorar a qualidade comercial e incrementar a cadeia produtiva em empresas agrícolas no semiárido do Agreste Paraibano.

O projeto está sendo executado em nível de doutorado acadêmico pelo discente Ramon Freire da Silva e desenvolvido nos laboratórios de Matéria Orgânica do Solo (labMOS), do Departamento de Solos e Engenharia Rural (DSER) e no Laboratório de Irrigação e Drenagem, do Departamento de Agricultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA). A pesquisa foi iniciada em agosto de 2021 e conta com o fomento parcial da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), além de uma parceria firmada com a Universidade Estadual da Paraíba para utilização da estrutura do Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), para a realização de análises bioquímicas e moleculares.

Pesquisador Ramon Freire realizando análises fisiológicas de trocas gasosas das plantas de pimentão, usando o equipamento IRGA

O trabalho está sendo desenvolvido na cultura de pimentão orgânico. Os pesquisadores buscam determinar a quantidade ideal de esterco a ser aplicado no solo. “Estamos otimizando o uso com aplicação de um biosestimulante humus organominerial à base de leonardita e abordando aspectos fisiológicos, bioquímicos, nutricionais e moleculares com o intuito de entender e elucidar os efeitos no metabolismo da planta, o que permite planejar e executar práticas de manejo sustentáveis, os quais vão ocasionar redução de custos e ganhos produtivos, aumentando a eficiência da cultura do pimentão orgânico”, disse o professor Thiago Jardelino.

A expectativa é que a pesquisa possa resultar em impacto econômico em empresas rurais de pequeno a médio porte, reduzindo custos e elevando a rentabilidade da cultura. Uma das empresas parceiras do projeto, o Canteiro Cheiro Verde, localizado na cidade de Nova Floresta, no Curimataú Paraibano, já experimentou os primeiros resultados da pesquisa. De acordo com os pesquisadores, a cultura de pimentão na região apresentava-se inviável, economicamente. A planta crescia e, ao produzir seus primeiros frutos, a produção se estagnava, o que abria portas de entrada para pragas e doenças, finalizando o ciclo produtivo em apenas uma colheita aos 90 dias.

Comparativo de crescimento de plantas de pimentão sem aplicação de bioestimulador

Com a realização do estudo de manejo e adequação do esterco com adição de bioestimulante, a produção foi ampliada para onze colheitas, finalizando o ciclo em 150 dias, com incremento na produtividade e melhorias na qualidade dos frutos.

Comparativo de crescimento de plantas de pimentão com a aplicação do aplicação de bioestimulador

De acordo com o orientador da pesquisa, os resultados preliminares demonstram o crescimento das plantas que foram bioestimuladas, o que permitiria uma planta com maior porte e produções mais precoces, resultando em redução de custos para o produtor. Outro resultado observado, até o momento, é a ampliação das raízes secundárias da planta, o que justifica o aumento da capacidade de absorção de água e nutrientes, resultando na elevação da produção.

Ramon Freire, estudante de doutorado que conduz a pesquisa, também é servidor técnico de laboratório da UFPB, lotado no laboratório de Matéria Orgânica do Solo, no Departamento de Solos e Engenharia Rural (DSER) do Centro de Ciências Agrárias (CCA), no Campus II, em Areia. Ele revela estar feliz com o andamento do projeto e os primeiros resultados da pesquisa.

Ramon Freire (de camisa vinho) acompanhado de colegas do programa de pós-graduação que o apoiaram nas atividades de campo da pesquisa

O projeto é um esforço de vários pesquisadores que abraçaram a ideia ao longo do trabalho. Conseguimos aprovar o projeto no edital universal Fapesq, o que nos dará subsídio para concluir a pesquisa com excelência. Para mim, é gratificante contribuir como discente e como servidor, pois sou técnico de laboratório da UFPB e, sobretudo, proporcionar uma produção rentável e de qualidade, fomentando a produção orgânica sustentável no Agreste paraibano”, afirmou o discente.

Além disso, na pesquisa destaca-se o fato de que os bioestimuladores comerciais são desenvolvidos em países de clima temperado, desta forma o projeto pode contribuir para potencializar os efeitos do uso de bioestimuladores nos solos da região de semiárido. “O efeito das substâncias húmicas no solo, de modo geral, é bastante difundido, no entanto, poucos grupos de pesquisa atuam no entendimento dos efeitos no metabolismo da planta, em nível molecular”, acrescenta o professor Thiago Jardelino.

Na continuidade da pesquisa, serão finalizadas análises bioquímicas, moleculares e nutricionais das plantas e frutos para subsidiar estratégias adequadas de adubação e produção. Os pesquisadores também desejam contribuir tecnicamente com estabelecimentos rurais interessados em implementar a produção orgânica e incentivar a certificação orgânica para um manejo sustentável de produção que elimine a aplicação de agrotóxicos, gerando renda e agregando valor à cadeia produtiva de hortaliças do Agreste Paraibano.

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Reportagem: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação