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Pesquisadores da UFPB identificam peixe da América Central no rio Jaguaribe

Registro inédito ocorreu em nove locais distintos da bacia hidrográfica paraibana
publicado: 18/09/2020 17h34, última modificação: 18/09/2020 17h43
O Xiphophorus maculatus é conhecido popularmente como “plati” ou “molinésia”. Espécies introduzidas em áreas ecológicas atípicas podem dizimar populações de peixes nativos. Crédito: Telton Ramos e Yuri Rocha

O Xiphophorus maculatus é conhecido popularmente como “plati” ou “molinésia”. Espécies introduzidas em áreas ecológicas atípicas podem dizimar populações de peixes nativos. Crédito: Telton Ramos e Yuri Rocha

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) identificaram, pela primeira vez, a espécie de peixe chamada Xiphophorus maculatus em nove locais distintos da bacia do rio Jaguaribe, em João Pessoa e no município de Cabedelo, na Região Metropolitana da capital paraibana. 

O Xiphophorus maculatus é conhecido popularmente como “plati” ou “molinésia” e seu habitat natural é na América Central, desde o rio Jamapa, perto da cidade de Veracruz, no México, até à Guatemala. 

Segundo o pesquisador e professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da UFPB, Telton Ramos, esse peixe é criado para fins ornamentais, em vários países, e provavelmente chegou à bacia do rio Jaguaribe devido a atividades de aquarismo. 

“Muitas pessoas que criam peixes em aquários e tanques, quando desistem da prática do aquarismo, costumam soltar os mesmos em algum córrego ou no rio próximo de suas residências”, explica Telton Ramos. 

De acordo com o professor da UFPB, espécies introduzidas em áreas ecológicas atípicas são uma das maiores causas da perda biodiversidade nativa em todo o mundo.  

“Estas espécies, quando introduzidas em um novo habitat, normalmente induzem distúrbios ecológicos sobre as espécies nativas, tais como competição e predação”. 

Em outras palavras, a introdução de Xiphophorus maculatus na bacia do rio Jaguaribe pode diminuir mais ainda a biodiversidade na superfície de escoamento do rio central e de seus afluentes, que já vêm sofrendo uma elevada degradação ambiental. 

Telton Ramos conta que, por esse motivo, é importante informar à população que, quando desistir de criar alguma espécie de peixe, não se deve jogá-la em um rio. 

“É melhor doar para alguém ou para o Laboratório de Ictiologia da UFPB, devotado ao estudo dos peixes, para quem mora na Grande João Pessoa”, ensina o docente da UFPB. 

O doutorando Yuri Rocha também participou do estudo, coletando peixes no rio Jaguaribe. Os próximos passos da pesquisa é avaliar os possíveis impactos ecológicos causados pela introdução do Xiphophorus maculatus na bacia do rio Jaguaribe e sua relação com a biota nativa. 

Na concepção de Telton Ramos, este trabalho traz um registro importante para conservação dos peixes do Nordeste, devido à grande capacidade que as espécies introduzidas têm de dizimar populações de peixes nativos.

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Reportagem e Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB